É com “profundo lamento que, mais uma vez”, a Junta de Freguesia de Meruge reporta “mais descargas criminosas no Rio do Cobral”.

“Estamos cada vez mais revoltados com a impunidade das empresas infratoras”, refere a autarquia liderada por João Abreu, em nota enviada à Rádio Boa Nova, onde também envia vídeos e fotografias que “mostram a calamidade dos factos”.

João Abreu adianta que “desde esta manhã, está a acontecer mais uma criminosa descarga de efluentes lácteos, pelas Queijarias localizadas na margem do Rio Cobral, na Catraia de S.Romão/Carragasola, Concelho de Seia”. “É com um profundo sentimento de revolta e descrença na autoridade do Estado, que a Junta de Freguesia de Meruge, vem publicamente denunciar a situação”, lê-se.

“O Rio, hoje, corre completamente poluído e branco de espuma, como as imagens ilustram. O ar está empestado pelo cheiro nauseabundo do soro e dos restos de leite podres.  Onde estão as autoridades fiscalizadoras? Porque continua o Governo e o seu Ministério do Ambiente, mudo e quedo, perante as sucessivas denúncias e pedidos de intervenção feitas pela Junta de Freguesia de Meruge, para que se ponha cobro a este nefasto atentado ambiental e contra a saúde da população? Porque se sentem os “donos” das fábricas seguros e de costas quentes, para abrirem arrogante e ilegalmente as comportas dos seus tanques de retenção dos sobrantes lácteos, para o Rio Cobral?”, questiona.

“Nas últimas duas semanas, sempre que caíram chuvas fortes, as descargas sucederam-se associadas às condições de pluviosidade. Consequentemente, a Junta fez, em cada ocasião, a participação à APA e à Inspecção do Ambiente. Em vão. As descargas são cada vez mais intensas e violentas, o que demonstra a certeza dos criminosos, de que não serão detectados, nem punidos. Para estes “candongueiros”, não há leis, nem respeito pelo ambiente e pelas pessoas. Habituados a vender “gato por lebre”, colocando o rótulo “SEIA”, no queijo que produzem com leite de ovelha importado de Espanha e de Israel, não sentem qualquer rebate de consciência pelo mal que fazem à natureza e aos seres humanos com a sua conduta ilegal”, refere.

“Para nós, que vivemos e defendemos a Constituição da República, tudo isto é desolador e frustrante, por assistirmos impotentes a uma situação continuada de mais de 20 anos”, afirma João Abreu.

A Junta de Freguesia de Meruge “tem protagonizado o caminho das soluções para este grave problema, propondo a utilização de fundos comunitários para a construção de uma ETAR colectiva, dotada dos mais modernos métodos de tratamento de efluentes lácteos, que possa receber e tratar os efluentes produzidos por estas unidades industriais”. A Câmara de Seia e o Ministério do Ambiente “fazem orelhas moucas à nossa proposta e sancionam, pela inércia e ineficácia fiscalizadora, o comportamento ilegal e criminosos dos poluidores”, considera.

“A história ensinou-nos que, quando o Estado se mostra ineficaz e desinteressado em promover a justiça, tem de ser o povo a fazê-la por suas próprias mãos. Esperamos, sinceramente, não ter de agir dessa forma para parar este reiterado, impune e criminoso atentado cívico e ambiental”, conlui.