
O concelho de Mora passou a dispor de um novo Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI), inaugurado oficialmente no sábado, 31 de maio. A nova resposta social, instalada num edifício requalificado com apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vem substituir um espaço anterior com limitações físicas e operacionais, aumentando a capacidade de atendimento de 10 para 25 utentes.
A cerimónia contou com a presença de representantes da Segurança Social, da CERCIMOR, da Câmara Municipal de Mora, da direção técnica do centro, de utentes, famílias e da comunidade local.
A presidente da Câmara Municipal de Mora, Paula Chuço, classificou a inauguração como uma «conquista» e explicou que a intervenção partiu de uma vontade expressa logo no início do mandato: «Olhámos para este espaço e vimos que precisava de uma vida nova. Conseguimos um financiamento de mais de meio milhão de euros para concretizar um sonho — que não é só nosso, é de todos os que vão beneficiar deste espaço».
A autarca frisou que o objetivo foi «requalificar um edifício com história e dar-lhe um novo significado, de afetos, felicidade e conforto». Para Paula Chuço, «os utentes, que precisam de cuidados especiais, merecem estar num espaço seguro e adequado, e as famílias precisam de saber que os seus estão bem».
Já Nuno Branco Alas, diretor do Centro Distrital de Évora da Segurança Social, considerou o novo centro «um exemplo para o distrito». Sublinhou que esta resposta segue os princípios do Movimento de Apoio à Vida Inclusiva (MAVI): «Este conceito visa promover a autonomia, a inclusão e a capacitação das pessoas com deficiência. Não se trata apenas de ocupar o tempo, mas de garantir autodeterminação e participação na comunidade». Acrescentou ainda que «a descentralização destas respostas é fundamental», recordando que, em muitos casos, os utentes têm de percorrer «50 a 60 quilómetros por dia, o que compromete a sua saúde e bem-estar».
Para a diretora técnica e psicóloga do novo CACI, Fernanda Ferreira, o impacto da requalificação é evidente: «O espaço tem muita luz, mais salas e permite atividades diversificadas. Os utentes estão mais descontraídos, mais à vontade e mais felizes». A responsável explicou que o acolhimento diário começa às 9h00 e inclui atividades de orientação, memória, expressão plástica, jogos, leitura, cálculo e culinária: «Semanalmente preparam receitas que escolhem em grupo. É uma forma de desenvolverem competências e reforçar a autonomia».
Fernanda Ferreira salientou que o novo espaço veio também resolver situações críticas: «Tínhamos uma cliente que, durante anos, se deslocava para Montemor e sofria convulsões no transporte. Agora tem um espaço onde se sente segura, valorizada e integrada. Muitos utentes dizem que é aqui que conseguem ser felizes e ser quem são».
A presidente da direção da CERCIMOR, Ana Cristina Saloio, referiu que a criação desta valência foi um processo construído em diálogo com a comunidade local: «Durante muito tempo, os clientes eram deslocados das suas comunidades. Isso não é inclusão. Inclusão é poder permanecer no seu meio, com conforto e dignidade». Considerou que a abertura do novo CACI em Mora é «resultado de um desafio que lançámos à comunidade e ao município, e que foi aceite com abertura e compromisso».
Ana Saloio sublinhou que, apesar de as cooperativas de solidariedade social acumularem anos de experiência, continuam a enfrentar estigmas e obstáculos: «Mostrámos que temos capacidade para fazer diferente. Mas precisamos de parceiros e de financiamento. O PRR foi determinante. Com esta obra, conseguimos alargar a resposta social e dar um passo importante na afirmação do nosso trabalho no terreno».
A dirigente anunciou ainda que foi adquirido recentemente um automóvel elétrico, com financiamento PRR, para apoio logístico, e revelou planos para uma nova candidatura: «Vamos avançar para a aquisição de uma carrinha adaptada de nove lugares. Precisamos de garantir transporte para pessoas em situações de isolamento e de criar dinâmicas inclusivas que envolvam toda a comunidade».