PRIMORDIOS DAS FESTAS DE LA SALETTE.“Na altura começamos a juntar os nossos artesãos e para apresentar o nosso produto, achámos que as festas de La Salette eram o ideal para apresentarmos os nossos trabalhos. Quando começámos a apresentar os nossos trabalhos, as pessoas começaram a gostar, começamos a ter um feedback positivo. Hoje temos produtos artesanais feitos por nós e juntámos e participamos nas festas, mais precisamente, na rua principal que dá acesso à Igreja, na entrada do Parque. As festas começaram pela associação de Terras Santa Maria, na altura o presidente incentivava-nos, mas mais tarde ele acabou por sair e nós demos a continuidade a este percurso. Acho que até ficava bem para a nossa terra ter e mostrar os nossos produtos.”

FALTA DE SEGURANÇA. “Houve alturas que eram nove ou dez artesãos presentes nas festas, este ano temos onze, pelo menos. Nós tínhamos artesões de fora, que poderiam vir fazer parte das festas, mas que não vieram porque não temos condições próprias de acolhimento. Nós durante uma semana, temos todos os dias de montar e desmontar as coisas porque não temos segurança ali, não temos barracas fixas como acontece noutros lados. Isto sempre foi assim, tenho lutado muito, já fui pedir ao Presidente da Câmara mais segurança e disseram-me que não havia hipóteses. Precisávamos de alguém que nos oferecesse apoio e ajuda, mas nunca tivemos. Temos o prazer de fazer estas festividades, porque se formos a reparar nós temos outras feiras e podíamos perfeitamente utilizar o nosso tempo nelas, mas fazemos as festas de La Salette por gosto.”

TEMPOS DIFÍCEIS. “Neste momento acho que há pouco dinheiro para comprar, as pessoas não trazem aquele dinheiro que traziam antigamente. A situação financeira está cada vez mais difícil e, além disso, também se relaciona com a forma que as pessoas veem o artesanato. O artesanato é feito manualmente, nós criamos as peças de raiz e as pessoas não dão valor a isso, porque hoje há muita oferta. Há 20 anos atrás, os estrangeiros não só vinham a Portugal e levavam uma peça de artesanato de lembrança para oferecer a um amigo, contudo, hoje em dia as pessoas olham à marca, seja sintética ou pechisbeque. Ainda assim, na minha maneira de ver, as pessoas que passam compram sempre qualquer coisinha e isso tem compensado e contribui para nos ajudar a ter vontade de marcar presença e continuar o nosso trabalho.”

ANTÓNIO CHOUSA. “Eu trabalho em couro, é tudo feito 100% manual. Eu vou fazendo peças imaginadas e muitas vezes faço peças que as pessoas me pedem. Costumo fazer três feirinhas, faço em Aveiro com a Sra. Fernanda, faço no Porto e faço em Coimbra. Costumamos ter sempre um stock preparado para estas feirinhas.”

FERNANDA ALMEIDA. “Faço tudo em tecidos, desde porta-moedas, nécessaires, faço estrelinhas com o nome das crianças, faço arte aplicada na roupa dos bebés, fraldas pintadas e bijuteria feita à mão."

EMBELEZAMOS LA SALETTE. “Todos os anos há sempre pessoas que vêm de fora nas excursões, e vêm visitar o nosso artesanato, sinto que as pessoas de fora gostam mais do artesanato e dão mais valor, do que as pessoas da terra. Acho que nós embelezamos muito aquela rua de La Salette, que anteriormente era muito escura. A iluminação em si também compõe a rua, mas as barraquinhas todas elas com as luzinhas embelezam aquela subida.”