
O Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE) acolheu esta quinta-feira, 5 de junho, a primeira edição do Fórum Empresarial Alentejo-PALOP (FEPAL), iniciativa que reuniu mais de 150 participantes e teve como objetivo aprofundar as relações económicas e empresariais entre o Alentejo e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Subordinado ao tema «Internacionalização: Oportunidades Reais para as Empresas do Alentejo nos PALOP», o fórum promoveu o diálogo entre empresários, representantes diplomáticos, entidades públicas e instituições do ensino superior e científico, visando identificar áreas de cooperação e oportunidades de investimento mútuo.
À margem da sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá, destacou que esta ligação tem raízes antigas: «Esta iniciativa parte de uma relação que vem sendo estabelecida há muitos anos, nomeadamente de estudantes dos países africanos que vêm estudar para Évora, em particular para a Universidade de Évora». O autarca sublinhou que é preciso transformar as intenções em ações: «Fala-se muito em cooperação, mas é essencial que essa cooperação se traduza em projetos concretos, com impacto direto nas comunidades e nas economias locais».
Carlos Pinto de Sá defendeu ainda que há espaço para colaboração em múltiplas áreas, «desde a agricultura à inovação, passando pela ciência, tecnologia, indústria e serviços», mas considerou fundamental «identificar os interesses comuns e trabalhar em conjunto, olhos nos olhos, para os concretizar».
O presidente do NERE, Rui Espada, explicou que o fórum pretendeu dar a conhecer aos empresários da região o potencial dos mercados africanos lusófonos e contribuir para uma abordagem mais informada e segura. «Queremos tirar dúvidas, esclarecer receios e mostrar que, apesar da volatilidade económica em alguns destes países, há oportunidades concretas. O importante é criar proximidade e confiança», afirmou. Acrescentou ainda que o NERE está disponível para apoiar as empresas que pretendam explorar estes mercados: «Estamos cá para ajudar os empresários a dar esse passo, caso decidam investir nos PALOP».
O FEPAL é coordenado por Milton Gussule e Arlindo Miguel, que idealizaram o projeto como uma plataforma estratégica para reforçar os laços históricos, culturais e económicos entre os países de língua portuguesa. «Sabemos que os PALOP enfrentam desafios no seu desenvolvimento e que Portugal também procura novos mercados. O FEPAL surge para juntar estas duas realidades e construir uma via de cooperação mútua», afirmou Milton Gussule.
Segundo Arlindo Miguel, o fórum procura envolver «parceiros de várias áreas, não apenas empresariais, mas também institucionais, académicos e culturais», com a ambição de agregar todos os países de expressão portuguesa: «Timor-Leste será incluído em próximas edições, assim como a Guiné Equatorial, que aderiu à CPLP há poucos anos e tem grande potencial económico ainda pouco conhecido no contexto lusófono».
Os coordenadores consideram que a adesão registada superou as expectativas. «Para uma primeira edição, ultrapassar os 150 participantes é um sinal claro de que este fórum tem razão de existir», referiu Milton Gussule. «Mais importante do que os números é o compromisso que aqui se gerou: o de transformar a retórica de irmandade entre povos lusófonos numa estratégia de colaboração prática e duradoura», concluiu.
Ao longo do dia, o programa incluiu mesas redondas, apresentações institucionais e sessões de debate, com representantes diplomáticos de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Participaram também entidades como a Fundação Alentejo, Entidade Regional de Turismo, Grupo Jerónimo Martins, Grupo Delta Cafés, Adega Cooperativa do Redondo e o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento.
O FEPAL integra-se nas atividades do Fórum Empresarial do Alentejo, promovido anualmente desde 2014, e deverá regressar em 2026 com uma nova edição alargada a mais países e setores.