Depois de ter percorrido a costa portuguesa a pé para alertar sobre a presença do plástico nas praias e procurar soluções para a proteção dos oceanos, Andreas Noe começou esta quinta-feira outro périplo, este dedicado à coleta de beatas de cigarro.
“Uma beata de cigarro não é biodegradável. É acetato de celulose, então, por favor, pensa bem antes de deitar fora, porque vai acabar dentro de um peixe e terminar no teu prato”. É com essa canção, animada num vídeo, que o alemão a viver em Portugal explica o impacto que uma “simples” beata de cigarro pode ter.
Um problema que de simples não tem nada. “As beatas são o plástico de uso único mais deitado ao lixo do mundo”, diz. Em Portugal, estima-se que sejam deitadas ao chão cerca de 7 mil beatas a cada minuto. “Uma não tem muito impacto, mas essa massa enorme, sim”.
Andreas escolheu as beatas como exemplo para demonstrar três situações. Em primeiro lugar, “como o plástico está escondido em produtos que nem sequer reconhecemos como plástico”.
Em segundo, “como o plástico entra no oceano”. Se atirarmos cotonetes ou aplicadores de tampões na sanita, vão parar diretamente ao mar. Da mesma forma que ao deitarmos beatas nas nossas ruas, estas podem ir ter ao mar na próxima chuva. “Das cidades para os rios, dos rios para os oceanos”.
Finalmente, “uma pequena beata no chão tem um grande impacto, se milhões de pessoas fizerem o mesmo”. Ou seja, “pequenos atos individuais resultam para salvar os oceanos de forma coletiva”.
De Viana do Castelo a Tavira, a fazer “sightseeing” e “buttseeing”
Durante o périplo que começou em Viana do Castelo esta quinta-feira e termina a 28 de setembro em Tavira, Andreas apela ao máximo número de participantes, entre ONGs, empresas e cidadãos, que se juntem à causa e recolham este resíduo que pode contaminar solos e águas com as suas toxinas, “nicotina, metais pesados e muitos outros químicos”.
São mais de 30 cidades contempladas no percurso. No site da iniciativa, é possível ver o mapa detalhado da The Butt Hike.
Ao mesmo tempo que faz um “sightseeing” (ver as atrações turísticas), Andreas quer também fazer um “buttseeing”. “Vamos caminhar pelas cidades, tirar fotos bonitas e coletar beatas de cigarro”, explica. Para tal, Andreas recomenda munirem-se de luvas, sacos ou baldes reutilizáveis e que levem uma garrafa de água, também reutilizável, para o percurso.
No fim do dia, todas as beatas coletadas serão reunidas e, a partir daí, nascerá uma obra de arte. Além de instalações artísticas, existem várias formas de reutilizar estes resíduos. Andreas, por exemplo, criou uma prancha de surf.
Em muitas cidades, também será possível assistir ao documentário The Plastic Hike, realizado pelo @camerawithnoname, fazendo, assim, um ponto de ligação entre a The Butt Hike e a The Plastic Hike e reforçando a mensagem dos três Rs sobre a poluição do plástico: recusar, reduzir o uso único e reutilizar o máximo possível.
Os melhores coletores receberão prémios de negócios locais sustentáveis. Mesmo quem não está nas cidades por onde passa o The Trash Traveler, pode coletar e ir entregar aos pontos de recolha. Quem sabe, no final da iniciativa, será conquistado um recorde mundial.