Nos últimos anos, tem-se assistido a uma mudança notável no mercado das motocicletas desportivas. O tradicional apelo das superdesportivas puras, como a Yamaha R6, tem vindo a ceder lugar a modelos mais versáteis e confortáveis, como a Honda CBR650R. Esta nova geração de motos, apelidadas por alguns entusiastas de «não tão superdesportivas», alia elementos de desempenho com características de conforto e utilização diária.

Ao contrário das superdesportivas clássicas, estas motos não exigem rotações extremas para oferecer sensações de condução agradáveis. O motor de quatro cilindros em linha da CBR650R, por exemplo, oferece uma entrega de potência mais suave e acessível, embora menos explosiva do que as versões mais agressivas. Com cerca de 94 cv, é considerada por alguns especialistas como “a mais preguiçosa” das quatro cilindros, apesar de manter uma sonoridade envolvente.

Uma das vantagens apontadas é a ergonomia mais descontraída, com guiadores mais elevados e uma posição de condução menos exigente fisicamente. Estas características tornam este tipo de moto ideal para deslocações urbanas ou passeios ocasionais, sem abdicar totalmente do prazer de condução desportiva.

No entanto, este compromisso implica algumas limitações. O peso adicional – cerca de 30 kg a mais do que uma 600cc tradicional – e a menor agilidade em curva são apontados como desvantagens por condutores mais experientes. Além disso, a resposta do eixo dianteiro tende a ser menos comunicativa, comprometendo ligeiramente a confiança em condução mais agressiva.

Apesar disso, a indústria tem investido significativamente neste segmento. Modelos como a Aprilia RS 660 ou a Yamaha R7 têm introduzido soluções inovadoras, desde suspensões de alta qualidade a sistemas de assistência eletrónica mais avançados. Esta abordagem tem permitido democratizar o acesso a motos com visual e carácter desportivo, sem exigir o compromisso físico e financeiro de uma superdesportiva pura.

A popularidade crescente destas motos sugere uma clara tendência: o mercado está a valorizar cada vez mais a acessibilidade, a versatilidade e a tecnologia, sem abdicar completamente da emoção. E, para muitos, essa poderá ser a melhor combinação.