A série O Clube, um dos maiores sucessos daOPTO (plataforma de streaming da SIC), está também disponível na Prime Video a partir desta sexta-feira, 6 de junho. Beatriz Godinho é um dos rostos da ousada trama, que já conta com sete temporadas. Em conversa com o site Fama Show, a atriz portuense deu a conhecer melhor o seu lado pessoal e falou sobre os desafios da sua personagem.

Os desafios d'O Clube e a ousadia das cenas

Na série da OPTO, Beatriz Godinho dá vida à misteriosa Renata, que não é propriamente um rosto desconhecido de quem acompanha O Clube. “A Renata já tinha visitado este universo na terceira temporada e agora, de uma forma um pouco inusitada, ela teve de voltar para limpar os rastos que deixou de um crime de homicídio, pelo qual não pagou qualquer consequência, pelo menos a nível legal”, começou por referir.

“A Renata é uma sobrevivente e tem essa confiança nela própria de que é capaz de arcar com o que quer que a vida lhe mande”, notou ainda.

Para construir esta personagem, Beatriz Godinho praticou artes marciais, mais concretamente boxe. “Foi uma experiência incrível e dura, porque aprender a levar socos na cara, nem que seja a brincar, não é simpático (...) Foi muito cansativo, mas muito entusiasmante e muito rico”, explicou, destacando o seu fascínio pelas artes marciais.

Já no que diz respeito às cenas mais ousadas, a atriz sentiu-se como ‘um peixe na água’ e deixou rasgados elogios à realizadora Patrícia Sequeira. “É um privilégio e um conforto muito grande. Ela consegue um equilíbrio incrível, ela sabe precisamente o que quer. É tudo muito coreografado e há sempre um respeito muito grande pelos atores, o que ao mesmo tempo nos dá liberdade para podermos explorar opções que nos façam sentido (...) Eu acho que não é só sorte, é também, mais uma vez, o engenho da Patrícia e os profissionais que escolhe”, assegurou.

A atriz elogia ainda os restantes colegas. "Foram sempre incríveis nesse sentido e havendo esse respeito e confiança, há o conforto de ligar a criatividade (...) Aliás, eu lembro-me que os dias de rodagem em que eu mais me diverti tiveram cenas de sexo com o Ricardo Pereira. De repente já estávamos a fazer coisas completamente surreais e as duas personagens eram muito ousadas e gostavam de brincar com limites. E então para nós, atores, foi muito engraçado descobrir até que ponto é que nós podíamos namorar esses limites”, referiu.

Fama Show

A paixão pela representação e o fascínio pela dança

Aos 33 anos, Beatriz Godinho conta com vários projetos em teatro, televisão e cinema, e a representação sempre foi “um dos seus sonhos”. No entanto,havia outras áreas que a fascinavam, como a dança, por exemplo. “Eu sempre fui uma criança muito curiosa e experimentei um bocadinho de tudo e mais alguma coisa. Eu lembro-me de querer ser cientista, quando era mais nova, quis ser atleta e, numa fase mais tardia, virei-me para o ballet clássico”, contou.

Foi precisamente através do ballet clássico que o mundo das artes performativas entrou na vida da atriz, despertando a sua curiosidade pela representação. “Como a vida de bailarina clássica tem outras contingências que não me eram tão apetecíveis, ali, por volta dos 18 anos, quando eu fui para Londres estudar ballet clássico, senti que iria ser mais livre e completa enquanto pessoa sendo atriz (...) Foi só por volta dessa altura, entre os 19 e 20 anos, que achei que, se calhar, me revia mais enquanto atriz", contou.

Ainda assim, a dança não deixa de estar presente na sua vida e também na sua profissão. “O que me fascina imenso na dança prende-se com aquilo que as palavras não conseguem explicar (...) Há ali uma intimidade com o corpo que eu acho que é única e que não dá para ser traduzida noutros contextos mais racionais”, notou.

MARCO FONSECA


O ponto de viragem da sua carreira

Um dos grandes pontos de viragem da carreira de Beatriz Godinho foi a série Cubra Libre, que mereceu vários prémios e nomeações. Na trama ambientada na década de 60, a atriz deu vida a Annie Silva Pais, filha do último diretor da polícia política de Salazar, apaixonada por Che Guevara e pela Cuba de Fidel Castro. Um papel que exigiu um processo de estudo e preparação de cerca de três meses.

Eu acho que eu senti que percebia aquela mulher, nesta zona do inteligível. Foi uma tempestade perfeita num bom sentido, porque é uma alucinação ser protagonista de um projeto. Mas a energia que se põe é devolvida em dobro pelo entusiasmo e pela gratificação de estar a fazer um trabalho no qual se acredita muito (...) Tenho um carinho gigante por esse projeto e por essa equipa que fez os meus dias durante esse projeto”, notou.

Na sequência deste papel, Beatriz Godinho foi nomeada para o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Projeto de Ficção, em 2023. Um reconhecimento, que a deixou feliz e aliviada. ”Isto vai parecer estranho, mas a verdade é que é um alívio. A nível pessoal, sou um bocadinho idealista de ‘isto faz-me sentido’,’ eu quero fazer isto’ e então ponho sangue, suor e lágrimas para tornar real aquilo em que eu acredito”, explicou.

Quando decidi ser atriz, eu sei que assustei bastante os meus pais. Até porque sou um bocadinho nerd também a nível pessoal. Eu adoro ciência, adoro estudar o corpo humano, matemática e física. Eles estavam convencidíssimos que ia para medicina, ou pelo menos para qualquer coisa que tivesse a ver com matemática ou física. Mas as artes falaram mais alto e então, de repente, há um alívio: ‘Isto não é só um sonho meu, os pais podem ficar um bocadinho mais descansados e eu acho que eu estou a conseguir servir alguma coisa que é maior do que eu própria”, explicou.

Mas não é só em Portugal que Beatriz dá cartas, também no contexto internacional. A atriz deu voz a uma das personagens da produção de animação Love, Death and Robots, de Tim Miller. Atualmente, Beatriz deixa a porta aberta a outros projetos além-fronteiras. “Espero que algum destes castings que eu tenho feito nos últimos tempos se traduzam, efetivamente, numa oferta de trabalho concreta”, referiu.

MARCO FONSECA

A Beatriz para lá da representação

Para lá da representação, Beatriz Godinho assume-se como uma pessoa “estupidamente curiosa e, às vezes, de uma forma até bastante obsessiva". “Apetece-me muito descobrir mais, estudar mais. Como disse, sou muito nerd. Eu adoro os seres humanos e isso também inclui a sua fisiologia, a questão da saúde", contou.

A atriz afirma ser ainda adepta de fitness e adorar poesia e “certos romances”. Além disso, é também uma fã assumida de Ricardo Araújo Pereira. Eu admito, eu gosto muito do programa dele, mas seus os livros fazem-me uma companhia muito grande nas minhas manhãs”, referiu, acrescentando que já leu todas as obras do humorista.

Na sua vida também não podem faltar as idas à praia, as caminhadas ao ar livre e o tempo para os amigos e a família. Adoro ter tempo para cozinhar para os meus amigos e a minha família e ter jogos de tabuleiro”, referiu. Gosta também de sair para ouvir boa música, dançar e conhecer novas pessoas, que vivem “realidades completamente diferentes” da sua.

Por fim, Beatriz Godinho destaca ainda a vontade de viajar e “conhecer o mundo inteiro” .