Os trabalhadores da Trust in News (TiN) admitem convocar greve ou suspender contratos de trabalho se os restantes 20% do salário de abril, o de maio e o subsídio de refeição não forem pagos até 6 de junho.

Esta tomada de posição foi aprovada esta sexta-feira em plenário por 49 dos 53 trabalhadores presentes, de acordo com o comunicado a que a Lusa teve acesso.

"Se os restantes 20% do salário de abril, o salário de maio e o subsídio de refeição não forem pagos até sexta-feira, 06 de junho, os trabalhadores da Trust in News reservam para si o direito de tomarem a decisão que entenderem para não continuarem a trabalhar, nomeadamente a de convocarem uma greve e/ou iniciarem o procedimento formal com vista à suspensão ou rescisão, com justa causa, dos contratos de trabalho", lê-se no documento.

Os trabalhadores da Trust in News, dona da Visão, manifestaram, em comunicado, "a sua indignação por apenas terem recebido 80% do salário de abril, em três prestações, encontrando-se os restantes 20% ainda por pagar, assim como o salário de maio e o subsídio de refeição que se vencem hoje, último dia do mês".

Além disso, "repudiam a ameaça de despedimento coletivo de até 20 trabalhadores numa empresa que, no último ano e meio, reduziu em 50% a sua força de trabalho, de forma aleatória, sem qualquer estratégia da parte da gestão, e passou a funcionar com equipas totalmente depauperadas, apoiando-se na produtividade de pessoas que trabalham muito mais horas do que seria razoável".

Ora, "menos pessoas produzirão menos publicações, e menos publicações irão gerar menos receita, pondo assim em causa a recuperação da empresa", argumentam.

"Com salários em atraso, impostos por liquidar e prestações da dívida ao Estado a terem de ser pagas já a partir do final do mês de junho, os trabalhadores duvidam da existência de condições para viabilizar o plano de recuperação da empresa sem que, antes, se verifique a injeção de capital que o sócio único, Luís Delgado, por diversas ocasiões, e desde há vários meses, se comprometeu a fazer na tesouraria da empresa", lê-se no documento.

Os trabalhadores "exigem ainda que a comunicação à Autoridade Tributária dos valores dos rendimentos efetivamente recebidos pelos trabalhadores em 2024 seja imediatamente feita pela empresa".

O plano de insolvência da Trust in News (TiN), dona da Visão, foi aprovado, na terça-feira, com 77% dos credores a votar favoravelmente e 23% contra, de acordo com despacho de homologação a que Lusa teve acesso.

Em 17 de maio, a Lusa tinha noticiado que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e o Instituto da Segurança Social (ISS) tinham votado favoravelmente o plano de insolvência TiN.

Em 06 de maio, a decisão sobre o plano de insolvência ficou a aguardar os votos por escrito requeridos por vários credores, entre os quais as Finanças e a Segurança Social, com peso preponderante, cujo prazo terminou no dia 16.

"Na assembleia para discussão e votação da proposta do plano de insolvência, foram atribuídos votos no total de 32.227.923,51 euros", lê-se no despacho, que adianta que "excluindo as abstenções, votaram credores cujos votos totalizam o montante de 28.843.105,90 euros".

Destes credores, "77% votou favoravelmente e 23% votou contra".