
As autoridades japonesas e sul-coreanas continuaram a insistir na redução de tarifas por parte da administração de Donald Trump, enquanto a China e o Brasil criticaram as últimas ameaças de Trump de aumentar as tarifas sobre o bloco de nações BRICS [definido como um grupo de países emergentes que tem como objetivo a cooperação económica], já que o presidente disse que seu prazo de 1 de agosto para implementar as taxas não era firme.
Depois de ter sido informado de que enfrentaria uma taxa tarifária de 25% a partir de 1 de agosto, o principal negociador comercial do Japão e Ministro da Revitalização Económica, Ryosei Akazawa, realizou uma chamada telefónica de 40 minutos com o Secretário de Comércio Howard Lutnick.
Akazawa disse aos jornalistas que está a tentar chegar a um acordo sobre um “pacote de medidas”, mas reconheceu que as negociações com Trump foram “muito difíceis”.
O principal negociador comercial da Coreia do Sul, que também enfrenta uma tarifa de 25%, também falou com Lutnick e pressionou por uma redução das tarifas em setores-chave como os automóveis e o aço.
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, respondeu às tarifas “unilaterais” de 30% impostas por Trump ao seu país, afirmando que a suposta taxa tarifária recíproca “não é uma representação exata dos dados comerciais disponíveis”.
Em resposta às tarifas de 32% que lhe foram aplicados, a Indonésia declarou que o seu principal negociador, o Ministro dos Assuntos Económicos Airlangga Hartarto, chegará a Washington esta terça-feira para se encontrar com os seus homólogos norte-americanos, uma vez que “ainda há espaço para responder, tal como transmitido pelo Governo dos EUA”.
As autoridades da Malásia afirmaram que continuarão a manter discussões de “boa fé” com os seus homólogos americanos e a trabalhar no sentido de um acordo “equilibrado e mutuamente benéfico”.
Os funcionários da Tailândia – que foi atingida com uma taxa de 36% – adotaram um tom mais agressivo e disseram que os EUA não consideraram a sua última proposta e acrescentaram: “Não vamos parar, vamos continuar a lutar para que a Tailândia tenha a melhor oferta possível”.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, reagiu à ameaça de Trump de impor uma tarifa de 100% àqueles que se alinham com o bloco BRICS de nações em desenvolvimento – um grupo que Trump disse ser “antiamericano”. Lula, que é o anfitrião da cimeira anual dos BRICS no Rio de Janeiro, abordou a ameaça de Trump no final do evento, dizendo: “O mundo mudou. Não queremos um imperador”. O líder brasileiro defendeu então a existência do BRICS, dizendo que é composto por um “conjunto de países que querem encontrar outra forma de organizar o mundo”.
O principal porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também refutou o rótulo “antiamericano” de Trump, dizendo que o grupo BRICS “nunca foi, e nunca será, voltado contra terceiros”. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que Washington deve enfrentar a realidade da diminuição do papel global do dólar americano, mas culpou a “liderança democrata anterior” do país, dizendo que eles começaram a “abusar grosseiramente” da posição da moeda americana no sistema financeiro global.
(Com Forbes Internacional/Siladitya Ray)