As autoridades da Índia detiveram o presumível autor do atropelamento mortal de Fauja Singh, o maratonista mais velho do mundo, que não resistiu aos ferimentos causados pelo embate quando passeava em Punjab, onde vivia aos 114 anos.

«Identificámos o veículo graças às gravações de CCTV e a fragmentos dos faróis recuperados no local. O automóvel mudou de proprietário várias vezes», afirmou Harvinder Singh, superintendente da polícia de Jalandhar, explicando que o veículo foi localizado após o visionamento das câmaras de vigilância.

O atropelamento de Fauja Singh, de 114 anos, ocorreu no estado de Punjab, no norte da Índia, quando o Tornado de Turbante fazia uma caminhada nos arredores de Bias, a sua aldeia natal, e segundo os media locais poderia ter sido salvo se o motorista de 26 anos tivesse levado Singh imediatamente ao hospital.

Singh ganhou fama internacional quando a Adidas o contratou para sua campanha publicitária Impossible is Nothing de 2004, que também contou com lendas como Muhammad Ali. Entre 2000 e 2011 completou nove maratonas.

A estreia do indiano nos 42,195 quilómetros aconteceu em 2000, na Maratona de Londres, na qual se inscreveu com 89 anos, e que correu seis vezes, tendo como melhor registo as 6h02,43 horas conseguidas em 2003, aos 92 anos. O seu carisma e determinação tornaram-no uma figura ímpar no desporto mundial e o menino que só conseguiu caminhar aos cinco anos até carregou a tocha olímpica nos JO Londres 2012.

Toda a gente morre, então é melhor morrer a fazer algo que gostamos

Depois de ter começado a correr aos 89 anos, no Reino Unido, onde vivia, tornou-se famoso mundialmente em 2011, ao completar a Maratona de Toronto (8h25.17) com 100 anos, apesar de este registo não ser reconhecido oficialmente por falta da sua certidão de nascimento.

A BBC já revelou que o passaporte britânico de Singh mostrava sua data de nascimento como 1 de abril de 1911 e que ele tinha uma carta da Rainha Isabel II a dar-lhe os parabéns pelo 100.º aniversário, mas o Guiness World Records diz que sem certidão de nascimento não pode validar as marcas, indiferente ao argumento de que na Índia, em 1911, não existiam certidões de nascimento.

«Toda a gente morre, então é melhor morrer a fazer algo que gostamos», disse Fauja Singh, quando confirmou que a sexta presença na maratona londrina seria a última, em 2012.

Fauja Singh também correu a Meia Maratona de Lisboa em 2006, então com 94 anos, pelo seu grupo de corrida, os Sikh Runners, uma equipa de cariz religioso, de 20 atletas, todos com mais de 70 anos, que o acompanhou nas principais corridas internacionais.

Nesse ano, participou ainda na Maratona de Nova Iorque (7h34.37) e alcançou o seu melhor tempo na distância (5h40.04) em Toronto. «Na minha juventude, eu nem sabia que a palavra 'maratona' existia», contou uma vez, recordando que cresceu sem nunca ter ido à escola e não praticou nenhum desporto, vivendo como agricultor as duas Guerras Mundiais e a turbulenta divisão da Índia.

Correu pela última vez a maratona em Londres, em 2012, quando a concluiu com o tempo de 7h49.21, tendo participado pela última vez numa corrida em fevereiro de 2013, na prova de 10 quilómetros da Maratona de Hong Kong.

«Se parar de treinar e correr, acho que a minha saúde vai piorar e eu vou morrer. Simplesmente não consigo ficar parado. Ainda gosto de correr e caminhar entre seis e 10 quilómetros uma vez por semana, para me manter em forma. É isso que me mantém em movimento», referiu, na altura.

Dizem que a sua energia e longevidade se devia ao consumo regular de laddu, um doce local, e de leite coalhado.