
Eduardo Quaresma, central do Sporting, foi esta quinta-feira convidado do programa As Três da Manhã, da Rádio Renascença, e foi num ambiente descontraído que falou de peripécias no balneário, momentos marcantes da época — do importante golo contra o Gil Vicente aos festejos no Marquês —, sem esquecer as lágrimas no adeus de Ruben Amorim — «Chorei bué, acho que fui o que mais chorei.»
«Tive de ir quase ao Barreiro para vir para aqui. Não cheguei atrasado, cheguei às 7h. [No Sporting] Há multas de atraso, o Viktor [Gyokeres] paga bués. É por minuto, depois vai tudo para uma caixinha e é para um jantar. Eu tenho acontecimentos esporádicos por causa do trânsito...», esclareceu, para início de conversa.
Sobre emancipação, diz que seguiu conselho de um velho amigo (e mentor), apesar de apontar o caso de Gonçalo Inácio, que ainda mora com os pais: «Coates dizia que tinha de sair de casa, que precisava de crescer. Dizia ‘Quaresma compra uma casa, vais saber muitas coisas que não sabes'. Agora tenho duas. Moro com a minha namorada, sei fazer tudo, cozinhar, pôr loiça na máquina. Contas? É débito direto, senão esqueço-me. Tenho sempre cartas do condomínio. Mas pago.»
«Coates é incrível, falo muitas vezes com ele. Tenho um grupo com o Paulinho, Esgaio e Seba [Coates]. São os meus velhotes. Quanto aos que nunca mais ouves falar deles, é o Adán... Não sei se veio celebrar o bicampeonato. Criou-se um grupo engraçado. Porro ganhou ontem ao Amorim. Estava a torcer pelo mister, mas não mantenho contacto com o mister. Mandei-lhe uma mensagem de parabéns, ele não me mandou... É mau [risos]», brincou.
Ao recordar os festejos do título, revelou quem caiu no autocarro. «O Pote. O rei da festa é o Pote. E o Esgaio e o Bragança», contou, antes de ser surpreendido pelo médio em direto. «Olá Eduardo, não haveria nada que pudesse perguntar de engraçado, és a piada, a única coisa que te posso dizer é que no dia 4 de maio, por volta das 22h45, devolveste-me a vida, a crença, a mim e aos sportinguistas, vou estar eternamente grato.»
Daniel Bragança referia-se ao golo que deu o triunfo frente ao Gil Vicente: «Podia ser golo do campeonato e eu durante uma semana fui ao meu Instagram ver o vídeo e arrepio-me de cada vez que vejo o vídeo. Tínhamos tido dois cantos e a bola tinha caído ali e eu não estava perto. E disse, quando acontecer outra vez, vou estar mais perto e chutar. «O Trincão disse-me ‘Mano, quando atrais positividade, as coisas acontecem’.»
O defesa de 22 anos não escapou à ronda de perguntas 'Desculpa mas vou ter de perguntar', proporcionando mais gargalhadas.
Quando choraste mais este ano, quando fizeste o golo ao Gil Vicente ou quando achaste que ias jogar o ano todo com o João Pereira? «Quando fiz golo contra Gil Vicente.»
Ver a derrota do United foi estranho e dizer ao mister ‘chupa, não te fosses embora'? «Fiquei triste, tínhamos relação muito boa com o mister, fico triste por ele, merece tudo de bom. Não acredito nisso. Houve tempos em que não acreditei que fosse. Não sei se posso contar. Tivemos uma reunião e ele dizia-nos 'malta não sei de nada, confiem em mim'. No jogo a seguir o gajo diz que se vai embora, mas fica mais quatro jogos. Eu só pensava ‘Vai embora’. Chorei bué. Acho que fui o que mais chorei. »
Perder o Gyokeres é como perder a namorada ou é parvo porque as namoradas não são tão importantes como o Viktor? «Ainda não se sabe, eu acredito que sim, avançados como ele há poucos. [Em tom de brincadeira] Estou cansado do Viktor, é muito bom, muita camisola para assinar, pedem-me, ‘chama o Viktor’. Chego ao balneário, já não consigo olhar para ele. É cinco estrelas. »
Qual é o mal de perderem taça para o Benfica? «Seja para que clube for, jogamos para títulos. Esperança? Claro que tenho. Nervoso? Só no momento. Quando fomos à Luz, parecia que me ia sair algo da barriga.»
Amigos nos rivais: «No Benfica, tenho próximo o Tomás Araújo, Samuel Soares e tinha o João Neves; no FC Porto, Fábio Vieira, Mora, adoro o miúdo. Ele tem 18, eu já tenho 23.»
Passatempos: «Normalmente tenho amigos em casa, gosto de churrasquinho, no Inverno sou mais de Netflix, a minha namorada gosta de sair, eu digo-lhe vamos descansar, tenho jogo daqui a dois dias... Gosto de jogar computador e PlayStation, tiro os fones e às vezes ainda oiço tiros [risos]. No verão gosto de estar fora, na praia, no inverno mais casa.»
'O maior' na rua: «Na minha rua o maior é o Nuno Santos, mora lá. Também é um pai para mim.»
Momento bom do Sporting: «Vejo com alguma naturalidade, o Sporting não ganhou 19 anos, mas nos últimos cinco anos tornámos o Sporting numa cultura ganhadora, estou muito feliz. Só sei ser campeão no Sporting. Ainda não perdi um campeonato que não disputei pelo Sporting. »
Medo de não regressar após empréstimos: «Bué, tinha muito medo de não conseguir afirmar-me no clube do meu coração, queria ser peça importante no campeonato. Houve clique no jogo com o FC Porto e aí já fiquei bastante realizado, este ano foi a consagração.»
Celebrações: «Não dá para explicar por palavras, caminho todo a cantar, olhamos para trás e são milhares de pessoas atrás do autocarro, duas horas a andar, sempre a dar.»
Futuro: «Depois do futebol venho para a rádio, adoro isto. »