
Assegurada a subida à 2.ª Divisão Nacional, Daniel Daniel Chaves renovou a ligação ao FC Porto e vai continuar a orientar a equipa de futebol feminino. Contratado em julho de 2024 para liderar o primeiro plantel da secção, o timoneiro já percorreu metade do caminho rumo ao principal escalão e prepara-se para iniciar mais uma temporada de azul e branco.
Natural na cidade Invicta, não foi capaz de escapar aos desígnios do emblema azul e branco, apesar de essas não serem as cores predominantes no círculo familiar. A admiração pelo FC Porto andou sempre de mãos dadas com a paixão pelo desporto-rei e, quando decidiu seguir o sonho de ser treinador, percebeu que não havia melhor sítio para começar. Em 2011, assumiu o comando de uma equipa da Dragon Force, tendo orientado ainda os plantéis femininos e da formação do Boavista, Valadares, Oliveirense, Fafe, SC Braga, São Pedro da Cova, Coimbrões, Famalicão, Tirsense, Vitória SC e Leixões antes do tão desejado regresso a casa.
Após uma breve passagem pela Indonésia — onde foi adjunto de Fernando Valente no Arema FC —, o técnico portuense voltou ao ponto de partida com a missão de valorizar o papel da mulher no FC Porto, de forma a recuperar os anos de atraso face à concorrência.
Sucesso foi a palavra de ordem na primeira temporada ao serviço do clube do coração: oito meses volvidos desde a manhã solarenga em que bateram o recorde de assistência num jogo de futebol feminino em solo nacional, as portistas já asseguraram a subida de divisão e continuam na luta pelo título com um registo perfeito: 24 triunfos noutras tantas jornadas, 215 golos marcados e apenas sete sofridos.
Pelo meio ainda houve tempo para a estreia na Taça de Portugal, que terminou após a derrota frente ao primodivisionário Marítimo, e para atingir a final da Taça AF Porto, competição em que as azuis e brancas só perderam contra as quintas classificadas da Liga BPI e semifinalistas da prova rainha.
Na reta final de uma temporada muito positiva e na antecâmara do play-off de atribuição do título da Terceira Divisão, Daniel Chaves renova contrato determinado a dar mais alegrias aos portistas e a lançar o clube no principal escalão.
«Esta é a minha casa»
Daniel Chaves mostrou-se orgulhos por continuar a comandar as jogadores do FC Porto. «É um orgulho para mim. Como costumo dizer, é aqui que quero estar. Esta é a minha casa, por isso é um sentimento de orgulho. A renovação é o reconhecimento do trabalho que tem sido feito diariamente pelo futebol feminino. É com um sentimento de enorme satisfação que estendo o vínculo ao meu clube de coração». Acredito que esta oportunidade não surge apenas pelos resultados. Sei que os resultados acabam por definir muito no futebol, mas acima de tudo acredito que o voto de confiança surge pelo trabalho que temos feito e pelo desenvolvimento que ainda podemos fazer. Temos muito para alcançar no futebol feminino. Fico feliz por sentir o reconhecimento do presidente, mas o que me move é a vontade de fazer mais e melhor pelo nosso clube. É isso que vamos continuar a fazer, independentemente da extensão do vínculo ou não. Se isto não acontecesse, iríamos lutar da mesma forma nos próximos jogos», disse.
E prosseguiu: «A expectativa está mais alta depois de tudo o que fizemos este ano, temos consciência disso. Também sabemos que ainda há muito a ser feito no futuro, temos os pés bem assentes na terra e é por isso que vamos continuar a trabalhar. Todas as vitórias que tivemos e o jogo no Estádio do Dragão. Queremos somar mais momentos felizes e no próximo domingo temos outro jogo importante - a primeira mão da final - e queremos muito ganhar para sermos campeões nacionais. O futuro é já no domingo. É a isso que nos dedicamos neste momento. Vamos lutar pelo grande objetivo que temos para esta época. Queremos muito ser campeões e é nisso que estamos focados neste momento.»
«Peça fundamental», diz Villas-Boas
André Villas-Boas também encheu de elogios o jovem treinador, que diz ser uma peça fundamental no projeto de lançamento do futebol feminino no FC Porto. «É uma das grandes caras do projeto juntamente com o professor José Manuel Ferreira e com a Cláudia Lima, com quem tivemos o prazer de renovar recentemente. É uma peça fundamental e decisiva na implementação do projeto, na escolha e seleção das jogadoras que integraram a equipa e no sucesso obtido durante a época. Sucesso esse não só na via desportiva, mas também na via emocional, com todo o amor que o Daniel transmite pelo FC Porto, um homem criado nesta casa. Não podíamos estar mais orgulhosos de ter dado este passo e este voto de confiança ao Daniel, ele bem o merece e estamos seguros de que o próximo ano vai ser um ano de sucesso também», adiantou.
O foco está já na grande final de domingo: «Não é uma questão de timing, porque o Daniel já merece esta renovação há muito tempo. É fruto de um trabalho excecional que tem sido desenvolvido ao longo do tempo, com muitos golos, muitas vitórias e, sobretudo, muita alegria e espírito de união com a massa associativa que este grupo transmitiu. Materializámos hoje esta assinatura, mas o facto é que o Daniel já merece há muito tempo e estamos muito satisfeitos com o trabalho desenvolvido. Há, sobretudo, um grande espírito de união. Acho que a massa associativa abraçou estas jogadoras. É um projeto que já há muito devia pertencer ao FC Porto.»
«Chegou tarde mas chegou com muita força e, desta unidade, cresceu também um espírito único de relacionamento com a equipa de futebol feminino sénior do FC Porto. Isto é algo que foi criado pelas pessoas que trabalham diariamente nas equipas técnicas, mas também na direção desportiva do futebol feminino, que seguramente desenvolveram esta relação com a massa associativa. A forma como as pessoas aderiram ao projeto, o abraçaram e o fazem sentir parte do FC Porto é algo único e especial de viver», finalizou.
Elogios de José Manuel Ferreira
José Manuel Ferreira, diretor do futebol feminino do FC Porto, deixa muitos elogios a Daniel Chaves.
«A renovação do Daniel Chaves é algo extremamente positivo. O objetivo é dar continuidade e reforçar o trabalho de qualidade que tem feito. Definimos um perfil logo de início e ele enquadra-se perfeitamente, é jovem, tem boas ideias e a qualidade de jogo é muito boa. Tem uma grande capacidade de trabalho e destaca-se pela forma como lidera a equipa técnica e o grupo. Tem sido um aglutinador e estava na altura de ele renovar. Já garantimos a subida de divisão, mas temos outro objetivo para concretizar, o de sermos campeões nacionais», disse.
O dirigente expressou, ainda, que a época está a superar as expetativas: «O planeamento desta época foi muito difícil e tenho de enaltecer o trabalho de muita gente. Estou aqui a dar a cara, mas houve muita gente que trabalhou arduamente para montarmos o projeto em dois meses. A Joana Oliveira, por exemplo, é uma das pessoas que trabalha diretamente comigo e tem sido fundamental. O treinador teve arte e engenho para construir um grupo de trabalho fantástico, que tem tido uma atitude muito positiva. Elas superaram as nossas expetativas, mas vamos continuar a fazer o nosso caminho com calma, pois queremos muito chegar à Liga BPI.»