Durante uma reunião tensa na Casa Branca com o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, o Presidente dos Estados Unidos fez várias afirmações falsas sobre a alegada perseguição aos sul-africanos brancos.

Donald Trump afirmou que estava a decorrer um genocídio contra os agricultores brancos na África do Sul: " Foram mortos", declarou o Presidente dos Estados Unidos.

Um ambiente de crescente tensão

Durante o encontro, Donald Trump recorreu a vídeos antigos e fora de contexto que, na sua perspetiva, estariam alegadamente relacionados com um "genocídio branco" na África do Sul.

Os vídeos incluíam imagens de Julius Malema, líder dos Lutadores pela Liberdade Económica (EFF), a cantar o tema Kill the Boer — um cântico que os tribunais sul-africanos consideraram fazer parte da herança de luta contra o apartheid, e não ser discurso de ódio.

O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra alegadas notícias enquanto se encontra com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa na Sala Oval da Casa Branca em Washington, D.C., EUA, 21 de maio de 2025.
O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra alegadas notícias enquanto se encontra com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa na Sala Oval da Casa Branca em Washington, D.C., EUA, 21 de maio de 2025. Kevin Lamarque / REUTERS

Outra afirmação falsa envolveu imagens de um protesto com cruzes brancas, que Donald Trump alegou serem sepulturas de agricultores assassinados — algo que não corresponderá à realidade. De acordo com a Reuters, ovídeo foi gravado em setembro de 2020 durante um protesto contra assassinatos em fazendas.

Donald Trump não se ficou apenas pelos vídeos e recorreu também a cópias impressas de artigos que, segundo o próprio, relatavam assassinatos de cidadãos brancos na África do Sul.

Presidente sul-africano desmente acusações

O Presidente Ramaphosa tentou corrigir as declarações, mas foi repetidamente interrompido por Donald Trump, que insistiu na sua própria retórica.

"Não, não, não, não, ninguém pode tirar terras", respondeu depois de o Presidente norte-americano o ter acusado de "autorizar" expropriações de agricultores brancos no seu país.

Ramaphosa reiterou que não existe "genocídio africâner" no seu país e pediu a Donald Trump que ouvisse o povo da África do Sul para que pudesse abandonar essa ideia.

Na rede social X (antigo Twitter), o também líder da oposição sul-africanoreagiu para rejeitar as alegações de Donald Trump.

Julius Malema afirmou que não foram apresentadas provas substanciais de inteligência sobre o genocídio branco e que os princípios políticos em relação à expropriação de terras sem indemnização não serão comprometidos por conveniência política.

Semelhanças com o encontro de Trump e Zelensky?

O encontro entre Donald Trump e Cyril Ramaphosa, que foi marcado por tensões e desentendimentos, está a ser comparado com o encontro entre o Presidente dos Estados Unidos e o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Em ambos os casos, Donald Trump adotou uma postura combativa e insistiu nas suas próprias opiniões, ignorando as tentativas dos outros líderes de esclarecer ou corrigir os assuntos em discussão