O secretário-geral da NATO adiantou hoje que todos os Estados-membros podem estar a gastar 2% do seu PIB em defesa antes da próxima cimeira de líderes, em junho, acrescentando que "aguarda ansiosamente" o desfecho das eleições legislativas em Portugal.

"Potencialmente, antes da próxima cimeira, poderemos estar todos naqueles famosos 2%", destacou Mark Rutte antes de um jantar com ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO na Turquia, onde estão a realizar uma reunião informal entre hoje e quinta-feira.

A próxima cimeira de líderes da Aliança irá decorrer em 24 e 25 de junho em Haia, nos Países Baixos.

Na Cimeira de Líderes Aliados de 2014, no País de Gales, foi acordado que os estados-membros da NATO alocariam 2% do seu PIB para investimentos militares até 2024.

De acordo com os dados provisórios publicados pela organização transatlântica em abril, 22 dos 31 membros da NATO com Forças Armadas (a Islândia não tem uma permanente) investiram pelo menos 2% do seu PIB na defesa no ano passado.

Países como Portugal ainda não atingiram os 2% de investimento do PIB em Defesa e esse objetivo foi traçado para 2029, apesar de o Governo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP) ter dito que iria antecipar esta meta, sem se comprometer com uma nova data concreta.

Sobre Portugal, Rutte lembrou que o país vai a eleições legislativas no domingo: "Estamos a aguardar ansiosamente o que vai acontecer depois das eleições", vincou.

Espanha, Eslovénia e Luxemburgo comprometeram-se recentemente a atingir os 2%.

"Vamos considerar o que aconteceu nos últimos dias em relação aos famosos 2%, com os quais tantos países, incluindo a Eslovénia na sexta-feira passada e o Luxemburgo ontem (terça-feira), estão agora comprometidos", apontou hoje Rutte.

O responsável da NATO lembrou que os compromissos da Espanha, Itália e Bélgica para atingir os 2% já tinham sido anunciados anteriormente.

Sobre o Canadá, Rutte disse que os 2% "ainda não foram discutidos", mas apontou que a aliança recebeu "uma notícia muito boa" do novo primeiro-ministro do país, Mark Carney, quando se encontrou com o presidente norte-americano, Donald Trump, na Sala Oval.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, alertou hoje que valores como a paz e a estabilidade, defendidos pela NATO, "estão ameaçados de forma sem precedentes em locais como a Ucrânia e Gaza".

"Isto está a acontecer enquanto os desafios híbridos, bem como o terrorismo, representam graves perigos para as nossas democracias", acrescentou, afirmando que, ao enfrentar estes desafios, os "maiores trunfos" da NATO são a unidade e a solidariedade.

O chefe da diplomacia turca lembrou que é por isso que "algumas questões" são "mais relevantes do que nunca nestes tempos críticos" e mencionou a justa divisão de encargos entre os aliados, referindo-se ao investimento na defesa, e a cooperação industrial de defesa "irrestrita" entre os estados-membros da organização transatlântica.

Hakan Fidan salientou ainda que, em muitos países aliados, a segurança é "considerada garantida" e há "relutância em agir de acordo com as mudanças nas exigências de segurança".