O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita convocou, esta quarta-feira, a embaixadora espanhola em Israel, Ana Salomón Pérez, em protesto contra as "duras palavras" do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que se referiu ao país como um "Estado genocida".

"Após as duras palavras do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, a embaixadora espanhola em Israel foi convocada para uma reunião de repreensão no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Jerusalém, amanhã [quinta-feira]", adiantou um porta-voz do ministério à agência Efe.

A convocatória da embaixadora surge depois de Sánchez ter dito no Congresso (Parlamento), que o seu Governo não negoceia "com um Estado genocida", em resposta às acusações do porta-voz do partido catalão Esquerra Republicana, Gabriel Rufián, de que o Governo espanhol negoceia "com um Estado genocida, como Israel".

"Vou esclarecer uma coisa, senhor Rufián. Não negociámos com um Estado genocida. Não negociámos. E creio que no outro dia, nesta tribuna, esclareci precisamente sobre o que estávamos a falar quando mencionámos algumas coisas que não eram verdadeiras", apontou Sánchez.

Quer Sánchez, quer o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, sempre tiveram muito cuidado para evitar classificar o que se passa em Gaza como genocídio. No entanto, a ministra da Defesa, Margarita Robles, falou de um "genocídio genuíno" em maio passado, o que gerou indignação do lado israelita. Nessa altura, não foi relatado que o embaixador também tivesse sido convocado.

Israel continua sem embaixador em Madrid depois de a sua representante em Espanha, Rodica Radian-Gordon, ter sido chamada a consultas em maio de 2024, após o reconhecimento do Estado palestiniano por Madrid. Nessa altura, já se sabia que se iria reformar em julho e tinha sido nomeado um sucessor, Zvi Vapni.

Entretanto, Vapni nunca chegou a assumir o cargo, pois o governo israelita recusou-se a aprovar a sua transferência para Madrid, e acabou por ser nomeado embaixador nos Países Baixos. O governo de Benjamin Netanyahu não enviou outro diplomata para ocupar o cargo desde então, embora não tenha descartado a possibilidade de isso acontecer num futuro próximo, de acordo com fontes diplomáticas israelitas que falaram recentemente à agência Europa Press.

O recente desentendimento entre os dois governos, resultante do cancelamento de um contrato de compra de munições para a Guarda Civil de uma empresa israelita, realçou ainda mais que as relações políticas não estão no seu melhor.