Um projeto de lei prevendo novas sanções dos Estados Unidos à Rússia reuniu o apoio de 81 dos 100 senadores norte-americanos, de ambos os partidos, que criticam a pouca vontade de Moscovo para terminar a guerra na Ucrânia.

Apesar do amplo apoio, ainda não é certo que a lei seja colocada a votação pelo líder republicano do Senado, John Thune, que disse preferir esperar por instruções da Casa Branca sobre a questão.

O senador democrata Richard Blumenthal, que apresentou o projeto de lei, defendeu numa declaração conjunta com o senador republicano Lindsey Graham, um aliado próximo do Presidente Donald Trump, que "estas sanções seriam impostas se a Rússia se recusasse a encetar negociações de boa-fé com vista a uma paz duradoura com a Ucrânia".

"O projeto de lei também impõe tarifas aduaneiras de 500% sobre os bens importados de países que compram petróleo, gás, urânio e outros produtos à Rússia", acrescentaram os dois senadores na declaração divulgada quarta-feira.

A União Europeia adotou formalmente esta semana um 17º pacote de sanções e espera uma "forte reação" de Washington se Moscovo se mantiver irredutível.

"A Rússia é o agressor. É a Rússia que deve pôr fim a este banho de sangue", disse o senador Lindsey Graham num discurso no hemiciclo na quarta-feira.

"Aprecio os esforços sinceros do Presidente Trump para reunir as partes e encontrar uma solução com a qual todos possamos viver", acrescentou, antes de criticar o que considerou ser a assimetria nas respostas russas e ucranianas a esses esforços.

"Penso que [Volodymyr] Zelensky (Presidente ucraniano) está pronto a fazer concessões para acabar com esta guerra. [Vladimir] Putin (Presidente russo) parece estar mais disposto a falar do que a atuar", acusou o político republicano.
"Agora é o momento de aumentar o custo desta guerra para Putin", afirmou.

A Rússia negou na quarta-feira que esteja a atrasar as conversações sobre a resolução da guerra na Ucrânia, numa reação a críticas de Kiev e dos aliados ocidentais.

"Ninguém tem interesse em arrastar o processo", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

"Uma lista de condições para um cessar-fogo será elaborada separadamente", tal como foi "acordado em Istambul" em 16 de maio, durante as primeiras conversações russo-ucranianas desde 2022, acrescentou.

Peskov disse também que a Rússia ainda não recebeu qualquer proposta do Vaticano para mediar a guerra na Ucrânia, como foi sugerido pelo Papa Leão XIV.

Acrescentou que Moscovo acolhe com agrado a "vontade e disponibilidade" de todas as partes, segundo a agência de notícias italiana ANSA.

Presidentes dos EUA e da Rússia falaram ao telefone

Putin e Trump mantiveram uma conversa telefónica esta semana, que não conseguiu produzir uma trégua na Ucrânia.

Após o telefonema, Trump, que tinha prometido durante a campanha eleitoral acabar com o conflito em "24 horas", garantiu que Moscovo e Kiev iriam "iniciar imediatamente negociações com vista" a uma trégua.

Putin disse que Moscovo vai propor a Kiev que trabalhasse num memorando, uma fase preliminar, segundo o que explicou, para "um possível futuro tratado de paz".

Mas, até à data, não foi anunciado qualquer calendário e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na segunda-feira à noite que não sabia nada sobre esta nova ideia de um memorando.