Paulo Rangel volta a ser ministro dos Negócios Estrangeiros no novo Governo liderado por Luís Montenegro, cargo que acumula novamente com o lugar de número dois do executivo da Aliança Democrática (AD).

Como no executivo anterior, Rangel, antigo eurodeputado e líder parlamentar do PSD, mantém-se no Palácio das Necessidades como chefe da diplomacia portuguesa, sendo também ministro de Estado.

No primeiro mandato, fez várias visitas oficiais, incluindo ao Médio Oriente, tendo visitado, em fevereiro, Israel, Ramallah (Cisjordânia) e o Líbano, onde fez repetidos apelos ao cessar-fogo.

Sobre o conflito na Faixa de Gaza, Rangel tem endurecido o discurso contra a ofensiva israelita, que considera "manifestamente exagerada", ao mesmo tempo que tem pedido a entrada humanitária no enclave palestiniano, que vive "uma situação desesperada".

Manteve a posição do Governo anterior de defender a solução dos dois Estados - Israel e Palestina -, mas sem reconhecer o Estado da Palestina, embora insista que esta é uma matéria em "avaliação permanente".

Depois desta deslocação ao Médio Oriente, Rangel terá dado o que foi descrito por testemunhas como "uma descompostura" a quatro deputados do PSD -- que tinham visitado Israel -, e a quem terá chamado "terroristas anti-Hamas", relatou a revista Sábado.

O ministro desvalorizou o caso, justificando que acabara de regressar daquela região e fez uma "normal troca de impressões" com deputados que acompanham esta pasta.

Em março, Paulo Rangel deslocou-se à Ucrânia, onde se encontrou com o Presidente Volodymyr Zelensky, com quem abordou o papel da União Europeia nas negociações de paz e a presença de Portugal na área da educação e na reconstrução do país.

A primeira passagem de Rangel pelas Necessidades ficou também marcada por um episódio no aeroporto militar de Figo Maduro, quando foi acusado de ter insultado as chefias militares ali presentes, o que negou, tendo classificado o momento como "incidente resolvido logo na altura".

Carreira de Paulo Rangel

Paulo Artur dos Santos Castro de Campos Rangel tem 57 anos (nasceu a 18 de fevereiro de 1968 em Vila Nova de Gaia), e iniciou a atividade política em 2001, com a redação do programa de candidatura do ex-presidente do partido Rui Rio, então candidato à Câmara Municipal do Porto apoiado por PSD e CDS-PP.

Desde então, Paulo Rangel tem repartido a atividade profissional pela advocacia, a universidade e a política.

Na vida académica, sempre ligado ao Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, especializou-se nas áreas do Direito Constitucional, Direito Administrativo e Ciência Política, tendo passado pelo Instituto Universitário Europeu e pelas universidades de Bolonha, Génova e Friburgo, além de exercer a advocacia em várias firmas.

Também lecionou na Católica do Porto e na Porto Business School, funções que suspendeu desde que foi nomeado ministro.

Estreou-se nas funções governativas como secretário de Estado Adjunto do então ministro da Justiça, José Pedro Aguiar-Branco, no Governo PSD/CDS-PP chefiado por Pedro Santana Lopes, entre 2004 e 2005.

Filiou-se no PSD em 2005, ano em que foi eleito como deputado pelo Porto. Três anos depois, chegaria à liderança do grupo parlamentar social-democrata.

Em 2009, liderou a lista do PSD às eleições para o Parlamento Europeu e chegou à vice-presidência do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu e, em 2015, do próprio PPE.

Manteve-se em Bruxelas por três mandatos consecutivos, num total de 15 anos.

Em 2010, Paulo Rangel disputou pela primeira vez a liderança do PSD e conseguiu 34,4% dos votos contra os 61% de Pedro Passos Coelho, e em 2021, numas eleições muito disputadas, Rui Rio derrotou Rangel por 52% contra 48% dos votos.

No congresso de entronização de Montenegro, em julho de 2022, a escolha de Rangel para primeiro vice-presidente do PSD foi uma das grandes surpresas.