Rui Rocha anunciou este sábado a sua demissão da liderança da Iniciativa Liberal (IL) por considerar que o partido não alcançou nas legislativas o peso eleitoral que ambicionava.

“Com o desprendimento de quem nunca esteve “agarrado” a qualquer lugar, depois de uma profunda reflexão, decidi apresentar a minha demissão nesta data. Servir o partido, neste momento, significa abrir a oportunidade para uma discussão interna sobre os caminhos futuros da Iniciativa Liberal, a visão estratégica mais adequada para o novo cenário político e uma nova liderança”, escreve Rui Rocha, num email enviado a todos os membros do partido.

Para as eleições de 18 de maio, Rui Rocha tinha definido como fasquia conseguir “o melhor resultado de sempre em legislativas”, objetivo que foi efetivamente conseguido. Tanto em percentagem, como em número de votos e de mandatos, o partido nunca tinha tido melhor desempenho. Ainda assim, não atingiu o peso eleitoral que ambicionava, facto pelo qual assume “integral responsabilidade”.

“Tenho que tirar consequências deste resultado, que não permitiu alcançar para a IL a preponderância que desejávamos”, reforçou esta tarde, em conferência de imprensa.

No rescaldo das eleições, o anterior líder dos Liberais, João Cotrim de Figueiredo, já assumira não ter ficado satisfeito com o resultado. “Apesar de termos crescido, para nós é insuficiente”, afirmou na SIC Notícias, uma semana após as legislativas, pressionando Rui Rocha.

Para o até agora líder da IL, que assumirá o mandato de deputado na Assembleia da República, o partido precisa agora de uma “renovação” para enfrentar o ciclo político “extremamente desafiante” que se aproxima.

“Continuarei a andar por aqui”

Em declarações aos jornalistas, Rui Rocha fez “um balanço francamente positivo dos dois anos e meio” em que esteve à frente da IL, salientando que o partido conseguiu consolidar a sua presença em todos os parlamentos – nacional, regionais e europeu – e garantir a sua autonomia estratégica, que elegeu como a sua prioridade ao longo do mandato.

Foi em nome dessa autonomia que afirma ter “recusado sempre qualquer possibilidade de integrar coligações pré-eleitorais” e negado ir para o Governo em 2024, em coligação com a AD, decisões que considera terem sido acertadas.

"Pela minha parte, continuarei "a andar por aqui". Assumirei o mandato de deputado na Assembleia da República e contribuirei como membro de base da Iniciativa Liberal em todos os combates onde possa ser útil ao partido e ao país", concluiu no email enviado a todos os militantes.