Na carta aos bloquistas, a que a SIC teve acesso, a líder do Bloco de Esquerda lamenta os erros e diz que, se fosse hoje, teriam sido evitados.
"Num processo penoso como aquele que vivemos em 2022, ao termos que terminar vínculos profissionais com metade das pessoas que empregávamos, nem tudo foi isento de falhas e o Bloco reconhece-o. Cometemos erros que lamentamos e que hoje teríamos evitado", lê-se na missiva.
Sobre as quatro mulheres despedidas, Mariana Mortágua desmente algumas das informações que vieram a público e explica que duas trabalhavam no Parlamento Europeu, tendo os contratos terminado depois de o Bloco de Esquerda ter perdido um eurodeputado nas eleições europeias de 2024.
Mariana Mortágua explica, porém, que foram adotadas "medidas especiais":
Um acordo com as duas trabalhadores para que os contratos fossem prolongados até ao final do ano, em vez do despedimento em março de 2022, ano de legislativas em que o Bloco perdeu 14 deputados e metade da subvenção mensal.
“Não devíamos ter contactado uma das trabalhadoras durante a sua licença. Fizemo-lo sob a pressão das circunstâncias, pela necessidade de dar respostas rápidas a quem legitimamente as esperava e querendo antecipar informação face às reuniões depois realizadas para organizar as saídas. Logo na época, esse erro foi apontado pela trabalhadora e, perante ela, a direção do Bloco reconheceu a razão do seu descontentamento e lamentou tê-lo causado”.
A diferenciação, explica a carta de Mariana Mortágua, deveu-se ao facto de terem sido mães pouco tempo antes.
"As dificuldades que vivemos em 2022 foram inéditas, mas atravessamo-las respeitando os nossos compromissos políticos e aprendemos. Por isso respondemos com confiança, tanto às notícias falsas como às questões pertinentes que nos dirigem", termina Mariana Mortágua.
Os “erros e mentiras" e o “ataque político”
A carta da coordenadora do Bloco chega, porém, depois de o Bloco de Esquerda criticar e apresentar queixa contra a revista Sábado, que avançou com a notícia, e de falar num “ataque político”.
Na resposta ao texto da ábado, o Bloco justificou que "em atenção a situações pessoais particulares, foi proposto que a cessação de vínculo se efetuasse no final de dezembro de 2022, garantindo às duas funcionárias mais tempo de preparação."
Mas, garantiu, que "nenhuma trabalhadora 'com um bebé de dois meses' foi despedida".
A denúncia nas redes sociais
O caso ganhou mais força quando, na rede social X, uma antiga funcionária do Bloco de Esquerda declarou ser uma das mães despedidas em 2022.
Além de confirmar o falso contrato de trabalho, que diz ter assinado e do qual se arrepende até hoje, esta funcionário disse que “nunca” ouviu das “feministas do partido” uma palavra de solidariedade.