O que eu gostava de ter num ovo da Páscoa era a certeza de que Lisboa era menos caótica em ruído. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o ruído é o fator de risco ambiental mais subestimado e só na Europa, de acordo com dados da Agência Europeia do Meio Ambiente, são registados 48 mil novos casos de doenças cardíacas por ano, provocadas pelos níveis de stress associados ao ruído.

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, 20% da população está exposta a níveis sonoros causadores de perturbações no sono e 15% tem exposição a níveis associados a incomodidade moderada. As recomendações da Organização Mundial da Saúde, em termos de decibéis (db) indicam que o nível médio de ruído para o trânsito rodoviário não deve passar de 53 db durante o dia, caindo para 45 db à noite. No entanto, em algumas zonas de Lisboa o ruído associado ao trânsito automóvel intenso pode chegar aos 85db. Uma sirene, sozinha, chega aos 120 db.

E os aviões? Há cerca de 400 mil pessoas, cerca de 4% da população portuguesa, que vivem num raio de 5 km do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e que estão particularmente expostas ao ruído provocado pelos aviões. Há zonas da cidade — como Campolide, onde este coelhinho da fotografia passa os dias — em que, nas épocas altas de turismo, a frequência das passagens de aviões é insuportável e muitas vezes registam-se mais voos noturnos do que era suposto, provocando distúrbios do sono. Por isso o coelhinho da Páscoa acorda mal disposto e pior ainda fica quando não pode ir a uma esplanada sem estar sempre a ouvir aviões por cima de si, frequentemente várias vezes por minuto, impedindo qualquer conversa namoradeira.

Há coisa menos romântica do que tanto ruído?

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