
“A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, desmente categoricamente a notícia, que considera difamatória, segundo a qual teria dado ordens à administração do Centro Cultural de Belém para despedir a programadora Aida Tavares. A ministra da Cultura nunca interferiu em quaisquer decisões dos órgãos de gestão das estruturas tuteladas pelo Ministério da Cultura ou em fundações com financiamento público.” A afirmação foi enviada esta quarta-feira à tarde pela porta-voz de Dalila Rodrigues ao Expresso como reação à notícia de que o afastamento da programadora, como a própria Aida Tavares afirmou hoje, decorreu da orientação da tutela.
O presidente do conselho de administração do CCB, Nuno Vassallo e Silva, que só conseguiu ser contactado pelo Expresso ao fim da tarde desta quarta-feira por se encontrar na inauguração do Pavilhão Julião Sarmento, explica em detalhe o que se terá passado, inclusive a “coincidência” de o anúncio da decisão de fazer depender a permanência de Aida Tavares da realização de um concurso internacional.
“O dia 4 de junho foi a data limite que me impus a mim mesmo para concluir esta situação. É verdade que falei, com a administradora (do CCB) Madalena Reis, ao telefone com Aida Tavares, comunicando esta decisão. Neste momento ela ainda é a diretora artística do CCB”, completa Vassallo e Silva.
Num comunicado emitido pelo CCB, já após o anúncio de que Dalila Rodrigues não seria reconduzida à frente do Ministério da Cultura, o centro cultural explica que “será lançada uma open call para a escolha da nova Direção Artística das Artes Performativas. Paralelamente, será aberto novo concurso externo para a posição de Curator do Centro de Arquitetura do MAC/CCB”.
Ou seja, como Nuno Vassallo e Silva faz questão de sublinhar que a ministra “não teve qualquer intervenção” e explica ao Expresso que o momento da divulgação da decisão foi “uma coincidência”. E a recondução de Aida Tavares no cargo, após a submissão da mesma a um concurso internacional dependerá da própria programadora: “Será com ela.”
Já o ministério da Cultura acrescenta em comunicado que “a notícia foi divulgada sem que a ministra ou o seu gabinete tenham sido ouvidos”, o que corresponde à realidade, já que apenas o CCB foi oportunamente confrontado com as afirmações de Aida Tavares.