
Num auditório repleto de decisores, reguladores e líderes empresariais reunidos no Congresso das Comunicações da APDC, Paulo Pereira, Responsável da Área de Negócio de Operadores, subiu ao palco com um tom sereno mas assertivo. A sua mensagem era clara: o setor das telecomunicações está a atravessar uma revolução silenciosa, mas profunda — e o motor dessa transformação chama-se inteligência.
“Estamos a entrar na terceira vaga das telecomunicações”, afirmou, com a convicção de quem observa a paisagem tecnológica de uma posição privilegiada. “Se a primeira nos trouxe conectividade ubíqua e a segunda concretizou a transformação digital com 5G e cloud, a terceira é, sem dúvida, a era da inteligência.”
O novo valor: o que flui na rede
Para Paulo Pereira, a fronteira do progresso já não está na mera ligação de dispositivos ou pessoas, mas sim no conteúdo inteligente que atravessa essa rede — dados que aprendem, redes que se adaptam, decisões que se automatizam. “IA, 5.5G e serviços convergentes são o novo normal. E o valor já não está apenas na ligação, mas no que flui dentro dela.”
Com um discurso que cruzou rigor técnico com responsabilidade social, o responsável da Huawei defendeu que a inteligência artificial deve ser encarada não como um fim em si, mas como uma ferramenta colocada ao serviço das pessoas. “A nossa visão não se limita a disponibilizar um full-stack de IA. Trata-se da responsabilidade de colocar essa inteligência ao serviço do ser humano — de forma consciente, social e sustentável.”
Três camadas, um novo paradigma
A proposta da Huawei estrutura-se numa arquitetura de inteligência em três níveis:
- Copilots, onde homem e máquina colaboram, acelerando diagnósticos e resoluções com assistentes inteligentes;
- Agents, onde a máquina opera de forma autónoma, otimizando redes e resolvendo problemas sem intervenção humana;
- Infraestrutura Inteligente, uma espécie de “cérebro da rede”, capaz de compreender intenções, diagnosticar causas e propor soluções.
Mais do que conceitos, a Huawei apresenta resultados: uma redução de até 90% no tempo de resposta na entrega de novos serviços, menos 20% de churn, resolução autónoma de 80% dos tickets de suporte e uma poupança energética adicional de 5%.
“Não falamos de custos”, disse Paulo Pereira, “falamos de um acelerador de monetização e de uma alavanca para a eficiência.”
A estrada digital para a IA
Mas o futuro inteligente exige uma rede à altura. Segundo o responsável da Huawei, “as actuais redes não foram concebidas para as exigências da IA.” E, por isso, a empresa aposta numa reconfiguração profunda da infraestrutura digital: data centers como novos epicentros, redes óticas com latência de 1 milissegundo, clusters de computação inteligentes e ligações ponta-a-ponta otimizadas para cada aplicação.
O 5G Advanced, sublinhou, será o catalisador desta mobilidade inteligente, com velocidades até 10 Gbps, interações multimodais e suporte para aplicações como robótica, vídeo espacial generativo ou smart driving.
“Estamos a construir redes que integram comunicação, computação e sensorização — criando gémeos digitais do mundo em tempo real.”
Inteligência com propósito
Mais do que um plano tecnológico, Paulo Pereira ofereceu uma visão ética e humanista da inteligência artificial: ao serviço da qualidade de vida, do bem comum e da sustentabilidade. A IA, lembrou, já está a ser utilizada para prever fenómenos meteorológicos com precisão inédita, otimizar centrais nucleares ou melhorar fábricas e siderurgias.
“Construir este futuro inteligente não é apenas um desafio técnico. É, acima de tudo, um imperativo social e ético.”
Três princípios guiam essa visão: servir as pessoas, criar valor social e promover a sustentabilidade, sempre com uma governação que assegure que a inovação não se afasta da sua finalidade última — o bem comum.
Uma nova narrativa para as telecomunicações
Na conclusão, Paulo Pereira lançou uma ideia que ecoou como um novo manifesto para o setor:
“As telecomunicações já não são apenas sobre ligar pontos num mapa. São sobre criar os mundos que esses pontos representam.”
Numa altura em que a tecnologia evolui a um ritmo vertiginoso, a Huawei apresenta-se não apenas como um fornecedor de infraestruturas, mas como um arquiteto de possibilidades. E se o futuro das telecomunicações é, como sugeriu Paulo Pereira, um futuro inteligente, então talvez o seu maior desafio seja precisamente esse: garantir que essa inteligência nos aproxima — e não nos afasta — da nossa humanidade.