
Um touro morreu afogado na segunda-feira, após ter caído ao mar durante uma largada à corda na freguesia do Porto Judeu, concelho de Angra do Heroísmo, nos Açores. O incidente, que gerou indignação e levou a várias denúncias populares, foi denunciado pelo PAN/Açores, que exige esclarecimentos às autoridades regionais.
Segundo comunicado do partido Pessoas-Animais-Natureza, o caso chegou ao conhecimento da estrutura política por via de múltiplas denúncias da população, levando à apresentação de queixa formal junto da Provedora Regional do Animal e da GNR/SEPNA. O partido exige agora explicações à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, ao Governo Regional dos Açores e à PSP, entidades responsáveis pelas licenças e fiscalização das atividades tauromáquicas.
O PAN considera inaceitável que, perante falhas evidentes de segurança, tanto para os animais como para os participantes, as autoridades continuem a permitir a realização deste tipo de eventos. Em comunicado, alerta para a “escalada de gravidade dos ferimentos em pessoas e animais, resultando em mortes”, referindo-se às touradas à corda como “atividades inegavelmente violentas”.
Além de apelar ao indeferimento de licenças sempre que os normativos de segurança não estejam a ser respeitados, o PAN quer saber quantas pessoas deram entrada em unidades de saúde da região com ferimentos provocados por este tipo de touradas, e se os seguros de responsabilidade civil são acionados para cobrir os custos médicos.
No caso específico do Porto Judeu, o partido quer saber se foi levantado auto de notícia pela PSP no local, para garantir que o caso tenha seguimento legal. O incidente, que envolveu a morte de um touro por afogamento após queda ao mar, evidencia, segundo o PAN, “uma total falta de condições e planeamento por parte da organização”.
Contactado pela agência lusa, o vice-presidente da Câmara de Angra do Heroísmo, Guido Teles, admitiu não dispor de informações concretas sobre o sucedido, mas garantiu que existe sempre um fiscal municipal presente nas touradas à corda autorizadas pelo município.
O autarca esclareceu que, “sempre que ocorre algum acidente que culmine na violação da legislação, é levantado um auto e remetido ao município, podendo originar uma contraordenação”, mas sublinhou que ainda não recebeu nenhum relatório relativo ao evento em questão.
As touradas à corda, tradição enraizada em várias ilhas dos Açores, têm sido alvo de críticas crescentes por parte de movimentos de defesa dos animais, que apontam riscos não só para os touros, como para os participantes e público.
Este caso específico reabre o debate sobre os limites da tradição, a responsabilidade das entidades licenciadora e a ausência de medidas eficazes de segurança, num contexto em que os incidentes associados a estas práticas continuam a somar vítimas — animais e humanas.