O presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, Filipe Almeida, defendeu esta quinta-feira, 29 de maio, a necessidade de reforçar o papel da inovação social nas políticas públicas e de colocar os jovens no centro das soluções para os problemas sociais emergentes. As declarações foram prestadas aos jornalistas, à margem do CIS OPEN DAY promovido pela Fundação Eugénio de Almeida, em Évora.

«Esta é mais uma iniciativa da Fundação Eugénio de Almeida, num longo percurso como pioneira, não só no campo da inovação social, mas também na mobilização de instituições, investidores e, principalmente, empreendedores», afirmou Filipe Almeida, sublinhando o papel da fundação como «precursora na disseminação do empreendedorismo de impacto» e como um exemplo de atuação em territórios de baixa densidade.

O responsável elogiou a capacidade de articulação da Fundação com diversos setores, destacando a sua ação enquanto «janela aberta para os mais jovens», desafiando-os a «pensar soluções novas para problemas antigos e problemas novos». Segundo Filipe Almeida, iniciativas como o CIS OPEN DAY contribuem para inverter a tendência de exclusão dos jovens dos processos de decisão: «Estamos a colocá-los onde habitualmente não estão, mesmo dentro das escolas».

Filipe Almeida alertou para um dos principais desafios da inovação social: ganhar escala e visibilidade. «Temos uma comunidade de empreendedores sociais já bastante sólida, reconhecida e premiada internacionalmente, mas é necessário torná-la mais visível junto de quem toma decisões», afirmou. Para o presidente da Portugal Inovação Social, o objetivo deve passar por «institucionalizar esta experimentação que está a ser promovida com fundos públicos, em parceria com investidores privados», para que as soluções inovadoras testadas localmente possam ser replicadas em maior escala.

Aos jovens presentes, deixou uma mensagem clara sobre a importância do seu envolvimento: «Nós fracassamos. Ainda não conseguimos encontrar boas soluções. Como é que tu resolverias isto?» — uma provocação que visa, segundo o próprio, incentivar a criatividade e a responsabilização desde cedo. «Precisamos do talento deles, da sua criatividade desamarrada e sem muros à volta da imaginação», afirmou, acrescentando que «mesmo que não encontrem a solução certa hoje, quando mais tarde deixarem de ser jovens, serão cidadãos mais completos, porque em algum momento do seu crescimento foram chamados a transformar a vida das outras pessoas».

Filipe Almeida apresentou ainda os dados da atuação da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social desde a sua criação, em 2014. «Aprovámos 698 projetos de inovação social, desenvolvidos por 481 organizações em todo o território continental, com o cofinanciamento de 848 investidores sociais», afirmou. Entre os parceiros incluem-se «as maiores empresas do país, grandes fundações e 166 municípios, mais de metade do total nacional», acrescentou.

No atual quadro financeiro Portugal 2030, já foram aprovados 461 novos projetos, 37 dos quais na região do Alentejo. «A procura existe porque o talento existe e a dinâmica está criada. Saibamos nós aproveitar para que passemos da experimentação à solução integrada para todo o país», sublinhou.

O presidente da Portugal Inovação Social destacou ainda a importância das incubadoras de inovação social, com um papel determinante na capilarização dos projetos: «Temos uma rede ampla que tem um efeito multiplicador nos territórios». E concluiu com uma afirmação sobre a relevância do caminho que está a ser seguido: «Portugal tornou-se um laboratório experimental de soluções inovadoras e, espero eu, também de políticas públicas do futuro. É, com certeza, o caso de referência mais relevante em termos de políticas públicas de inovação social na Europa e no mundo».