
As candidaturas lideradas por grupos de cidadãos eleitores,vieram para ficar e tudo aponta para que o fenômeno continue a crescer.
Pelo menos enquanto as candidaturas independentes continuarem a ser uma saída possível para políticos inconformados e não só com o facto de a sua candidatura com a chancela do partido de origem não ter sido permitida.
Autárquicas, palco para independentes,onde o candidato vale mais que o partido.
Nos últimos anos, as eleições autárquicas têm sido um palco onde as candidaturas independentes,têm vindo a ganhar maior expressão — desde movimentos de cidadãos sem filiação partidária a antigos militantes que rompem com os partidos para disputar o poder local.
O fenómeno deve-se a uma combinação de factores: a “imagem de desgaste” do PS e PSD, o crescimento do discurso “anti-partido”, a personalização crescente das candidaturas às câmaras e a menor dimensão dos partidos a nível local que, na procura pelo “potencial candidato vencedor”, em certos casos acabam por apoiar independentes com notoriedade naquele concelho.
Candidaturas independentes já são cada vez mais uma força autárquica, que tende a crescer.
Há novos movimentos de cidadãos eleitores a emergir e que nestas eleições haverá mais candidaturas fora da esfera dos partidos.
As pessoas identificam-se cada vez menos com o modus operandi dos partidos e esse descontentamento traduz-se no aparecimento de mais candidaturas independentes.
Nos últimos anos, assistimos a um crescimento notável das candidaturas independentes nas eleições municipais, especialmente em contextos onde a confiança nos partidos políticos tradicionais tem vindo a diminuir. Esse fenômeno é particularmente evidente ,onde a legislação permite que grupos de cidadãos concorrem às autarquias sem filiação partidária.
As eleições municipais representam o nível de governo mais próximo do cidadão. É no município que os problemas do dia a dia são sentidos de forma mais direta: saneamento, transporte, habitação, educação básica, saúde primária, etc. Neste contexto, os candidatos independentes têm conquistado espaço por apresentarem propostas mais alinhadas com as necessidades locais, sem estarem presos a agendas partidárias nacionais.
Além disso, os independentes tendem a cultivar uma relação mais direta com os eleitores, baseada na escuta ativa e na presença constante na comunidade. Essa proximidade gera confiança e um sentimento de corresponsabilidade entre governantes e governados.
Diversos estudos mostram que a confiança nos partidos políticos têm vindo a cair em muitos países, afetada por escândalos de corrupção, promessas não cumpridas e distanciamento das bases eleitorais. Neste cenário, as candidaturas independentes surgem como uma alternativa legítima e promissora, devolvendo aos cidadãos o protagonismo político e a possibilidade de renovação das práticas institucionais.
Apesar dos avanços, as candidaturas independentes enfrentam obstáculos importantes. A ausência de uma máquina partidária dificulta o acesso a financiamento de campanha, a estrutura organizacional e a visibilidade nos meios de comunicação. Além disso, em câmaras municipais com forte presença de partidos tradicionais, um executivo independente pode ter dificuldade para aprovar projetos, sendo obrigado a negociar caso a caso.
A força crescente das candidaturas independentes não significa o fim dos partidos, mas sim a necessidade de repensar a forma como estes se relacionam com os cidadãos. Uma democracia madura precisa tanto de partidos fortes quanto de espaços abertos à inovação política e à participação direta.
Incentivar candidaturas independentes nos municípios pode ser uma estratégia eficaz para oxigenar o sistema político, promover lideranças locais legítimas e estimular a cidadania ativa. Trata-se, acima de tudo, de uma valorização do pluralismo e da capacidade de cada comunidade decidir o que é melhor para si.
As candidaturas independentes têm um papel crucial na renovação democrática dos municípios. Elas trazem novas vozes, propostas inovadoras e uma conexão autêntica com as realidades locais. Apesar dos desafios, sua importância é inegável — e representa um sinal claro de que a política está, aos poucos, sendo devolvida aos cidadãos.
Paulo Menano