A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) denunciou ontem, dia 23 de maio, uma série de falhas nas escolas durante a aplicação das Provas ModA, apontando problemas graves de infraestrutura e logística. 

De acordo com a federação, 30% das escolas do 1.º ciclo foram incapazes de realizar as provas devido à greve dos professores, que afetou significativamente a aplicação das provas de avaliação.

O levantamento feito pela Fenprof, que abrangeu 175 escolas, das quais 114 do 1.º ciclo, revela que muitos alunos, principalmente do 4.º e 6.º anos, tiveram que reagendar as provas, devido a diversos problemas, entre os mais recorrentes, destacam-se “códigos de acesso inválidos”, “computadores inoperacionais” e falhas graves de rede, com algumas provas sendo realizadas até em “corredores” devido à falta de cobertura nas salas de aula.

A Fenprof também denunciou o que considera uma “discriminação inaceitável” para com os alunos com necessidades educativas especiais, como os portadores de dislexia, que não tiveram acesso às adaptações previstas, como o uso de ferramentas de destaque, sublinhados ou anotações adaptadas.

A federação afirma que os “guias de apoio das Provas ModA” não preveem qualquer “tolerância regulamentar” para garantir a inclusão desses alunos.

Em sua análise, a Fenprof revelou que 32,5% das escolas precisaram suspender aulas e outras atividades para realizar as provas, a federação também apontou irregularidades na convocação de professores para as provas, como a ausência de distinção entre professores efetivos e suplentes, além da falta de prévia atribuição de turma ou sala para a aplicação das provas.

Segundo a Fenprof, esses procedimentos afetam a organização e a equidade no processo de avaliação.

No final da primeira semana de aplicação, os professores denunciaram ainda a sobrecarga de trabalho e a falta de condições adequadas para a realização das provas. “A duração prevista das provas não está sendo respeitada, os equipamentos não funcionam e o sinal de rede é insuficiente”, relataram os docentes.

A Fenprof concluiu que as Provas ModA têm se mostrado mais uma etapa do processo de “desgaste” dos professores, resultando em uma sobrecarga adicional de trabalho e prejudicando o normal funcionamento das escolas em um momento crucial do ano letivo.

A greve, que envolve todas as tarefas relacionadas às provas, como secretariado, vigilância e classificação, visa, segundo a Fenprof, combater a falta de condições de igualdade na aplicação das provas.

As Provas ModA, que decorrem até 6 de junho, não têm impacto na classificação interna do aluno, nem na sua aprovação ou transição de ano letivo, no entanto, a Fenprof alerta para as implicações que as condições deficientes de aplicação podem ter no processo educacional.

Recentemente, o Ministério da Educação anunciou um investimento de 15,4 milhões de euros para os agrupamentos escolares, destinados à compra e reparação de computadores, mas, de acordo com a Fenprof, as escolas utilizaram apenas uma parte desse montante, cerca de 8,32 milhões, para a aquisição de equipamentos.

A Fenprof mantém sua convocatória para a greve às atividades relacionadas com as provas ModA, destacando que o movimento é uma forma de protesto contra a falta de condições nas escolas e a sobrecarga de trabalho imposta aos professores.