O Turismo Municipal de Vilar Formoso irá acolher, de 7 a 29 de junho, a exposição coletiva de fotografia “Nostalgia”, da autoria de Jaime Lebre, João Pedro Silva e José Carlos Venâncio. Jaime Lebre, fotógrafo amador autodidata desde a sua juventude

A ideia começou a ganhar forma durante a sua vivência de 12 anos no Japão, onde a abordagem estética do pensamento wabi-sabi se centra na transitoriedade e imperfeição do mundo, reconhecendo a beleza do que é imperfeito, impermanente e incompleto.

Curiosamente, já na sua juventude, as suas fotos preferidas eram rotuladas de “feias”, quando, para ele, elas captavam a beleza do que é “feio”.

O tema Nostalgia é-lhe assim particularmente próximo, sendo que este estado de alma se projeta em muitas das suas imagens. João Pedro Silva, natural da Covilhã (22 de janeiro de 1979), licenciou-se em Sociologia na Universidade da Beira Interior em 2002 e pós-graduou-se em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, no ISCTE, em 2005.

A sua investigação académica, relacionada com as problemáticas que ocupam as áreas da sociologia da arte e da cultura, haveria de moldar, em grande medida, o seu percurso a partir de 2010, ano em que iniciou a sua carreira enquanto fotógrafo. Desde então, tem vindo a produzir inúmeros trabalhos nas áreas da moda (comercial, publicitário, editorial), retrato, paisagem e still-life, para clientes nacionais e internacionais. Desde 2021, exerce as funções de docente no Departamento de Artes da UBI, cumulativamente com a sua atividade enquanto fotógrafo.

Atualmente, e desde 2022, frequenta o curso de doutoramento em Media Artes, na UBI, sendo a problemática do seu projeto investigar os acheirótipos (neologismo) como um novo artefacto iconográfico na fotografia de moda, explorando espiritualidade (acheiropoieta), autenticidade e manipulação tecnológica, e refletindo criticamente sobre a criação visual na era da inteligência artificial. José Carlos Venâncio é natural de Luanda, onde nasceu a 29 de agosto de 1954.

Passou um ano da sua infância em Vale da Mula, onde concluiu o então designado ensino primário. Desde 1988 vive na Covilhã, sendo professor Catedrático Aposentado da referida Universidade.

A fotografia tem sido, com alguma descontinuidade decorrente da carreira profissional, um dos seus passatempos favoritos. Tem fotografias publicadas em livros e revistas. Organizou, em novembro de 2018, uma exposição individual nas instalações do INATEL (Porto), que intitulou de “Silêncios”. Em 2021, voltou a expor, conjuntamente com Jaime Lebre, na Galeria António Lopes, na Covilhã, com o patrocínio dos Serviços Culturais da respetiva Câmara.

O granito foi então o lema da exposição. Sendo as sociedades não europeias (Angola, Cabo Verde, Brasil e Macau) importantes terrenos da sua investigação académica, é a mundividência beirã, enquanto espaço de criatividade, que transparece na sua fotografia. Mais do que um sentimento, um desejo ou uma saudade, quase sempre autofágica, a nostalgia, é um estado de espírito, uma forma de estar no mundo em que se vive o presente e se olha o passado com os olhos postos no futuro.

A nostalgia, assim entendida, é tudo menos a negação do presente, sendo antes a abertura a novos valores e vivências, sem esquecer o passado. As fotografias expostas traduzem, na perspetiva individual dos respetivos fotógrafos este estado de espírito.