
Nasceu há 43 anos em Mirandela, no norte do país, onde viveu uma infância que recorda como "alegre" e "feliz" e onde, com a sua família, aprendeu o valor que o trabalho tem. Assume-se "muito direto" e acredita que sempre foi "uma pessoa direita" e "um bom filho".
Tal como já havia sido noticiado, Rui Borges foi o convidado de Daniel Oliveira a estar em Alta Definição, este sábado, 31 de maio. Durante a intimista conversa com o diretor de programas da SIC, ao recordar os seus anos de juventude, o técnico que levou o Sporting Clube de Portugal ao bicampeonato e à 'dobradinha' desta época (2024/2025) falou sobre o que mais tem saudades.
"Tenho saudades do meu avô, só. Foi a primeira pessoa que eu perdi. Saudades, saudades tenho do meu avô", começou por revelar, visivelmente emocionado.
Para Rui Borges, que quer continuar a ser visto como "o Rui Borges de Mirandela", o pai da mãe foi, e é, a "pessoa mais importante" da sua vida, mesmo tendo uma "grande ligação" com os pais, as irmãs, a mulher e o filho. "A maneira de ser dele própria, a forma tranquila de viver, sem grandes luxos, simples, no seu caráter, na sua personalidade", foram as coisas do "avô Zé Pedro"que marcaram o técnico - mas não só.
Das "pequenas histórias" ao último adeus
Também as "pequenas histórias" que viveu com o avô, marcaram Rui Borges para sempre. "Para o meu avô, ir às compras com 80/90 anos e trazer um saco de rebuçados de mentol para ele era uma coisa de outro mundo e para mim aquilo enchia-me de felicidade, como me trazer um saco de romãs porque 'o Rui gosta de romãs'", contou a Daniel Olivera, acreditando que se tratavam de pequenas formas de "manifestar o amor", numa época em que "as pessoas mais velhas eram mais frias".
"Essas pequenas demonstrações de carinho para mim diziam-me muito. Ele contava-me as mesmas histórias muitas vezes, mas para mim era um privilégio, um gosto enorme", confessou, revelando que "todos os dias" sente a presença de Zé Pedro, sapateiro de profissão. "Tenho o meu avô tatuado no braço. Acho que ele me tem ajudado muito e mesmo agora quando aconteceu sermos bicampeões, foi a primeira pessoa que me veio à cabeça. Adoro todos os meus avós, infelizmente já não tenho nenhuns, mas ele de alguma forma marcou-me porque tínhamos uma ligação muito forte", disse.
"Não quis ir sem se despedir do neto"
Ao longo da emotiva conversa, Rui Borges mostrou acreditar que o avô deverá "estar muito orgulhoso" dele neste momento e recordou o dia em que o perdeu, aos 98 anos. "Marcou-me. Naquele dia passou o dia todo a perguntar à minha mãe quando é que o Rui chegava e eu estava a vir de folga, cheguei mais tarde a Mirandela, acabei por passar em casa, 20/30 minutos. Falei com ele um bocadinho, fui para casa e passado umas horas a minha mãe ligou-me a dizer que o meu avô estava a passar mal e isso marcou-me. Ele não quis ir sem se despedir do neto e tenho muitas saudades dele", recordou de voz trémula e e lágrimas nos olhos.
"Ele realmente estava um bocadinho mais triste, não estava tão falador. Longe de mim pensar que era a última vez que estava com ele, mas marcou-me porque sinto que ele esperou por mim, só para se despedir do neto", continuou, acrescentando o que lhe diria nos dias de hoje. "Diria que o amo muito, só. Acho que nem ele nunca o deve ter ouvido. Para mim chegava", terminou.