Pedro Chagas Freitas tem utilizado as redes sociais para desabar sobre o período de recuperação do pequeno Benjamim, que esteve internado três meses onde inclusive fez um transplante ao fígado.
Recentemente, o escritor fez um apanhado da vida e não tem dúvidas: “O amor é para ir para a luta”
Veja o desabafo na íntegra:
Perdi o meu pai para abraçar e quero amar cada vez mais, sempre mais, o que amo. A perda não esmorece o amor, a perda não pode esmorecer o amor, a vontade indómita de amar, de ocupar os vazios com amor, há outra maneira de ocupar um vazio de amor do que com amor? Quero amar. Amar profundamente. Sem freio, sem perder tempo, sem meias-palavras, sem meios-gestos, sem comedimentos estéreis, ocos. A vida não se perde quando passa o tempo; a vida perde-se quando não amamos enquanto o tempo passa. Sou carente. Sou mimado, ou mimalho, ou afectodependente. Sou frágil no que sinto, é essa a minha força. Sou uma pessoa que precisa de pessoas, que precisa do amor das pessoas, do toque das pessoas, da pele das pessoas, do sorriso das pessoas, da verdade das pessoas, das palavras das pessoas, do olhar das pessoas. Sou uma pessoa que precisa de pessoas. Preciso do meu filho, da minha mulher. Preciso da minha mãe, da minha irmã, dos meus sobrinhos, da minha avó, dos meus tios, de todos os que amo. Sou profundamente dependente deles, orgulhosamente dependente deles. Quando perdemos alguém, sabemos mais sobre quem somos, sobre quem queremos ser, sobre quem queremos ter. Quero, acima de tudo, tempo. O tempo que aproveitei muito com o meu pai, mas que poderia ter aproveitado mais. Podemos sempre aproveitar mais. A vida fica sempre aquém do que poderia ser, é essa a sua grande tragédia como é essa a sua grande virtude. Somos infinitamente menos, somos sempre infinitamente menos, do que aquilo que poderíamos ser. Não vou a tempo de recuar no tempo, de investir ainda mais no que investi muito, no que sempre me pareceu o melhor investimento de todos. Vou, ainda assim, a tempo de um all-in permanente no que amo, em quem amo. Se algo ficar de mim neste mundo, será o amor que dei, o amor que recebi, o amor que fiz tudo para não guardar. O amor não é para ser mantido numa caixa-forte, incólume. O amor é para ir para a luta, para o dia-a-dia. O amor é para sujar, para depois limpar, para depois voltar a sujar. O amor é para esfregar contra a vida, é assim que o esfregamos contra a put@ da morte. Os mais recordados podem não deixar herança; mas deixam saudade.