
Chama-se simplesmente "Casar". Mas o nome, ainda que crie a linha condutora, está longe de revelar as histórias que traz dentro. A partir do Arquivo Fotográfico Ephemera, foram selecionadas centenas de fotografias provenientes de álbuns familiares e espólios diversos, que abarcam um arco temporal que percorre todo o século XX e fazem uma viagem no tempo para contar uma história de Portugal em imagens de casamentos.
Com inauguração marcada para de 11 de junho e a decorrer até 30 de setembro, a exposição estará patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de S. Roque, em Lisboa, e traz-nos, além das fotografias, "quatro vestidos de noiva de épocas e origens bem diversas, ementas de copos de água, um vídeo com numerosas imagens e uma adaptação original da Marcha Nupcial de Mendelssohn, da autoria de Fast Eddie Nelson, amigo do Ephemera", descreve-se. "Ao longo do percurso expositivo é possível observar as diferenças sociais patentes nas cerimónias de casamento realizadas quer nas grandes cidades e vilas quer no interior do país, em casamentos ricos e pobres, em igrejas ou até em Las Vegas."
O casamento "tem também um significado cultural e simbólico", sublinha José Pacheco Pereira, fundador do Arquivo Ephemera e comissário da exposição. "É um dos rituais mais codificados na sociedade portuguesa: as roupas, a coreografia da chegada e da partida, a colocação das pessoas na Igreja, o papel dos pais e outros familiares, as damas de honor, a missa e o assento civil, o cortejo, os convidados, a boda, a partida para a lua de mel. Por trás de tudo isto mantém-se a reserva de quem paga o quê, o custo da roupa cerimonial, o papel do dote, os alugueres dos carros, toda uma sequência de atos fotografados em momentos definidos."

Fazendo uso do espólio do Ephemera, enriquecido por doações e por aquisição, monta-se assim um retrato dos tempos e dos costumes que percorre o século passado com um detalhe garantido pela quantidade e variedade patente naquele que é o maior arquivo privado do país. "A quantidade permite-nos ver padrões para além da aparente trivialidade e repetição", acredita Pacheco Pereira, explicando que todas as peças escolhidas para a exposição "Casar" têm histórias especiais.
A exposição é fruto de uma parceria entre a Associação Cultural Arquivo Ephemera, o Museu de S. Roque e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com a adaptação da Marcha Nupcial assinada pelo músico Eddie Fast Nelson a enquadrar a seleção que estará disponível para visitas de terça a domingo, entre as 10.00 e as 19.00, na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de S. Roque, na Igreja de S. Roque, Largo da Misericórdia, em Lisboa.
"'Casar' pretende contribuir para uma reflexão mais alargada sobre o papel do casamento nos processos de diferenciação social, sobre as implicações sociais, culturais, identitárias e geográficas nos padrões de casamento, e também sobre as mudanças observadas desde o princípio do século XX a meados desse mesmo século."