A Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE) nomeou Thomas Vlassopoulos diretor-geral de Infraestruturas de Mercado e Pagamentos. Vlassopoulos substituirá Ulrich Bindseil, que está a deixar o BCE.

A Direção-Geral de Infraestruturas de Mercado e Pagamentos (DG-MIP) coordena e apoia o funcionamento e o desenvolvimento das infraestruturas de mercado do Eurosistema (Serviços TARGET), supervisiona os sistemas de pagamentos, compensação e liquidação e atua como catalisador da inovação nos pagamentos de retalho, bem como na exploração de novas tecnologias para a liquidação de moeda do banco central por grosso. Lidera também o projeto do euro digital.

Vlassopoulos será responsável pela direção estratégica e gestão da DG-MIP, orientando a inovação, os fluxos de trabalho dos projetos e as atividades operacionais dos Serviços TARGET, do projeto do euro digital, bem como dos pagamentos de retalho e grossistas.

Presidirá a uma série de comités e fóruns de alto nível, mantendo relações de trabalho com os participantes no mercado e outras partes interessadas, explica o BCE em comunicado.

O gestor é atualmente diretor-geral adjunto de Operações de Mercado, cargo que ocupa desde maio de 2021. Anteriormente, dirigiu a Divisão de Análise Monetária e foi também diretor-adjunto da Divisão de Supervisão da Estabilidade Financeira.

Vlassopoulos ingressou na Direção-Geral de Economia do BCE em 2008, proveniente do Banco da Grécia. Possui um mestrado em Economia pela London School of Economics and Political Science.

Euro digital como moeda do futuro

O BCE pretende tornar o euro digital um meio de pagamento eletrónico disponível gratuitamente para todos. Tal como o dinheiro físico atual, poderá ser utilizado em qualquer lugar da área do euro, considerando o BCE que representa “o próximo passo em frente para a nossa moeda única”.

O objetivo é armazenar o euro digital numa carteira eletrónica criada no banco do utilizador ou num intermediário público, todos os pagamentos eletrónicos habituais com o telemóvel ou cartão, online e offline.

O supervisor europeu acredita que a adoção do euro digital vai levar à retirada de cinco em cada 10 euros físicos em circulação, segundo um relatório divulgado em abril passado.

Já me maio, o Banco Central Europeu criou uma plataforma de inovação para colaborar com intervenientes europeus no âmbito do projeto do euro digital. Cerca de 70 participantes, incluindo bancos, fintech, comerciantes, start-ups e outros prestadores de serviços de pagamento, inscreveram-se para trabalhar com o BCE na exploração de funcionalidades e casos de uso do euro digital, uns na vertente de ‘pioneiros’, outros na vertente de ‘visionários’.

A plataforma de inovação simula o ecossistema previsto do euro digital, no qual o BCE fornece apoio técnico e infraestruturas para que os intermediários europeus desenvolvam funcionalidades e serviços de pagamento digital inovadores a nível europeu. As conclusões serão publicadas pelo BCE num relatório ainda este ano.

Para o BCE, o euro digital é uma ferramenta essencial para garantir a autonomia estratégica da União Europeia. Recentemente, Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, sublinhou que atualmente a Europa depende sobretudo de sistemas de pagamentos norte-americanos. “Os pagamentos são um bom exemplo de um setor em que não aproveitamos ao máximo a escala da Europa, mas dependemos de empresas estrangeiras, empresas dos EUA hoje e talvez até empresas chinesas amanhã”.

Tendo em conta que hoje o comércio online representa cerca de 36% das transações em termos de valor, Cipollone defende que “os cidadãos europeus precisam de ter a opção adicional de usar uma forma digital de dinheiro que seja simples de usar e que permita que os pagamentos sejam feitos em toda a área do euro. Caso contrário, continuaremos a depender de fornecedores de serviços de pagamento estrangeiros para quaisquer compras feitas com cartões e telemóveis”. Salienta que, na atualidade, sempre que um europeu usa um cartão, duas em cada três vezes recorre aos serviços de uma operadora não europeia.