A procura de crédito para a compra de casa continua em alta, mas está a desacelerar. Segundo o inquérito aos bancos divulgado esta terça-feira pelo Banco de Portugal, a procura de empréstimos à habitação em julho continua alta, mas menos alta do que no primeiro trimestre de 2025. As razões para este movimento prendem-se com “o nível geral das taxas de juro e, em menor grau, a confiança dos consumidores e o regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação (em particular, a garantia estatal para a compra de primeira habitação, que permite aos jovens até aos 35 anos obter financiamento a 100% do valor do imóvel, sem necessidade de entrada)”, refere a autoridade monetária.

No entanto, desde o final de 2024, que a procura de crédito à habitação tem vindo a desacelerar ligeiramente — uma tendência que se verifica um pouco por toda a zona euro.

Em Portugal, as instituições financeiras estão, gradualmente, a incorporar nas suas análises de crédito as alterações climáticas. Nos últimos 12 meses, os bancos portugueses reportaram um ligeiro aperto nos critérios de concessão para empréstimos à habitação associados a edifícios com fraco desempenho energético. Em sentido inverso, indicam termos e condições gerais ligeiramente menos restritivos para empréstimos associados a edifícios com elevado desempenho, refere o inquérito.

“Do lado da procura, nos últimos 12 meses, as considerações de natureza climática traduziram-se num aumento da procura por empréstimos associados a edifícios com elevado desempenho energético, tanto em Portugal como na área do euro. Na área do euro, o aumento da procura foi também extensível a empréstimos associados a edifícios com desempenho energético razoavelmente bom; em sentido contrário, a procura por empréstimos associados a edifícios com fraco desempenho reduziu-se”, adianta o documento.

Para os próximos 12 meses, os bancos portugueses e os da área do euro antecipam, de um modo geral, impactos semelhantes aos observados no último ano, tanto na política de concessão como na procura de empréstimos, prevendo-se um ligeiro abrandamento dos critérios de concessão.

Também nos empréstimos ao consumo e para outros fins, a confiança dos consumidores contribuiu ligeiramente para o aumento da procura — uma tendência que deverá manter-se nos próximos três meses. Contudo, neste segmento, os bancos estão a optar por critérios mais restritivos.

Já ao nível das empresas, em particular das PME, os riscos associados à situação e às perspectivas económicas gerais, bem como os riscos específicos de empresas ou sectores de atividade (como os efeitos da aplicação de tarifas às empresas exportadoras), juntamente com a menor tolerância ao risco, contribuíram ligeiramente para uma maior restritividade — embora sem impacto direto nos critérios de concessão.