A celebração dos 50 anos de independência de São Tomé e Príncipe, marcada com solenidade na Praça da Independência, foi mais do que uma homenagem ao passado. Foi também um momento de autorreflexão. Numa discurso político Franco e aberto, o Presidente Carlos Vila Nova reconheceu que, ao longo das últimas cinco décadas, o país falhou em cumprir algumas das promessas da liberdade conquistada a 12 de julho de 1975.

“Dirijo-me também aos nossos jovens, adolescentes e crianças, a quem realmente o futuro pertence”, declarou. “E em nome de quem não nos é permitido falhar na missão que nos é confiada.”

Essa frase ressoou com força entre os presentes. Não apenas como uma admissão de que muito ficou por fazer, mas como um compromisso político de corrigir o rumo e reposicionar o país para os próximos 50 anos.

Vila Nova recordou que a independência não nasceu do acaso. “Durante cinco séculos, o nosso povo resistiu à opressão. Não houve um único dia de conformismo”, afirmou. “E foi essa determinação que nos levou a proclamar a nossa liberdade perante o mundo em 1975. O sonho da liberdade tornou-se realidade.”

Contudo, o Presidente foi além da narrativa heróica. Apontou para os desafios contemporâneos e falou  das limitações herdadas do colonialismo, mas também das responsabilidades internas. “É tempo de refletirmos com verdade sobre o caminho que percorremos. Cinquenta anos é quase o tempo de uma vida. Há conquistas a celebrar, mas também promessas não cumpridas.”

A cerimónia contou com a presença de líderes internacionais, incluindo o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa, representantes da ONU, e delegações de países africanos e da CPLP. Para o Presidente santomense, essa presença internacional foi mais do que simbólica — refletiu o apoio de parceiros históricos e a necessidade de manter São Tomé e Príncipe inserido num contexto global de cooperação e desenvolvimento.

“O nosso compromisso com os valores que forjaram esta Nação — liberdade, unidade e esperança — deve ser renovado com ações concretas, especialmente para com os mais jovens”, declarou.

A mensagem final do chefe de Estado foi de alerta, mas também de ambição. Se a primeira metade do percurso da independência foi marcada pela sobrevivência e construção institucional, a próxima fase precisa ser marcada por resultados tangíveis. “A liberdade que conquistámos deve traduzir-se em progresso e dignidade para todos”, concluiu.