
A operadora de telecomunicações estatal moçambicana Tmcel registou prejuízos de 4.441 milhões de meticais (59,7 milhões de euros) em 2024, o dobro face ao ano anterior, segundo o relatório e contas.
Este desempenho contrasta com os resultados líquidos negativos de 2.130 milhões de meticais (28,6 milhões de euros) em 2023, que caíram então para metade, tendo em conta os prejuízos também registados em 2022, de quase 4.333 milhões de meticais (58,2 milhões de euros) nesse período.
No documento, a empresa refere que fechou 2024 com uma carteira de 841.171 clientes moveis activos, contra 717.052 um ano antes, enquanto o parque de serviços da rede fixa caiu no mesmo período de 27.562 para 25.363 linhas.
“Até finais de 2024, em resultado da implementação da segunda fase do Projecto de Modernização e Expansão da Rede, iniciado em Janeiro de 2022, foram modernizadas e/ou activadas um total de 1.248 ‘sites’ [antenas]”, lê-se no documento.
O Estado é accionista maioritário (66% do capital social) da operadora, contando ainda com o Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE), com 26% e que intervencionou a Tmcel em março de 2023, “com vista a melhorar o seu desempenho”, avançando com um Plano de Revitalização, aprovado dois meses depois.
A operadora fechou 2024 com um capital próprio negativo de 14.563 milhões de meticais (195,9 milhões de euros), agravado pelos prejuízos daquele exercício, para um ativo total de 23.378 milhões de meticais (315 milhões de euros) e um passivo total de 37.942 milhões de meticais (510,5 milhões de euros).
No relatório do auditor independente que consta das contas da Tmcel de 2024, diz a Lusa, a EY refere que o capital próprio negativo da operadora é “decorrente de resultados acumulados (incluindo o prejuízo do ano) negativos de 28.639.631.465 meticais [385,3 milhões de euros]” e um passivo corrente que “excede o ativo corrente no montante de 19.773.327.980 meticais [266 milhões de euros]”, o que “indicia a existência de uma incerteza material que pode colocar em causa a capacidade da empresa em continuar o seu curso normal de negócios”.