
O choque de realidade, dirão uns, a que a Europa foi sujeita nos últimos dias, tal como o sentido de urgência que se está a criar nas principais capitais, estão a beneficiar as grandes empresas do setor aeroespacial e da defesa do Velho Continente. Não que tenham tido maus tempos, com a proliferação de focos de tensão nos últimos anos; mas a perspetiva de que será necessário um “corte” radical com tudo o que é norte-americano deu azo a boas valorizações das cotadas europeias do setor nesta segunda-feira. O que ajudou a içar o principal índice acionista europeu para um novo máximo histórico.
Entre as principais empresas europeias do setor aeroespacial e defesa, destaque para as subidas da sueca Saab AB (16,17%), da alemã Rheinmetall (14,03%), da italiana Leonardo (8,14%), da britânica BAE Systems (7,92%), e da francesa Thales (7,83%). A alemã ThyssenKrupp terminou o dia, por sua vez, em alta de 19,77%.
Também com valorizações relevantes fecharam as ações da alemã MTU Aero Engines (2,4%), da francesa Safran (2,48%), das britânicas Rolls-Royce (1,73%) e Melrose Industries (1,39%), e da pan-europeia Airbus (1,17%).
Nos últimos dias, a Europa sentiu-se encostada à parede perante uns Estados Unidos sem vontade de garantir a segurança do Velho Continente. A sensação de que se estava perante uma mudança de paradigma reforçou-se quando os EUA relegaram sem cerimónia a Europa para um papel de espectador nas negociações de paz na Ucrânia.
A resposta europeia: a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, veiculou a possibilidade de excluir a despesa em defesa das regras orçamentais europeias. Entretanto, o presidente francês Emmanuel Macron convocou de urgência os líderes dos principais países europeus para discutir, esta segunda-feira, a resposta a esta indiferença, e até hostilidade, do tradicional aliado atlântico; e garantir que a Ucrânia não fica totalmente desamparada na sua defesa.
O índice europeu Stoxx 600 encerrou num novo máximo histórico, subindo 0,5% para os 555,42 pontos. Desde o início do ano que o índice já se valorizou 8,8%. E hoje a ajuda veio principalmente das ações do setor aeroespacial e da defesa: o subíndice do Stoxx relativo a estas cotadas também alcançou um máximo histórico, disparando 4,1% na sessão. No que vai do ano, o índice valorizou-se 16%, num desempenho bem superior ao índice norte-americano seu congénere, o S&P Aerospace & Defense Select Industry Index, que ganhou cerca de 2% desde o arranque de 2025.