
As possibilidades de o UniCredit avançar com a aquisição do Banco BPM não ultrapassam os 20%, admitiu, nesta quarta-feira, o CEO do grupo bancário, Andrea Orcel.
Durante uma conferência financeira organizada pelo Goldman Sachs, em Berlim, o responsável máximo do banco italiano dirigiu-se aos investidores com uma avaliação pouco otimista sobre o futuro da operação.
Segundo avança a agência Reuters, Orcel referiu que as condições impostas pelo Governo italiano para aprovar o negócio, ao abrigo dos chamados “poderes dourados”, que visam proteger os interesses estratégicos e de segurança nacional, introduzem uma “incerteza significativa” ao processo.
O CEO destacou ainda que o risco de pesadas penalizações caso o UniCredit não cumpra integralmente os requisitos legais representa um obstáculo importante. Estas restrições, explicou, colocam o banco numa posição de vulnerabilidade regulatória que, na sua opinião, compromete seriamente a viabilidade da transação.
A tentativa de consolidação no setor bancário italiano, através desta proposta de aquisição, enfrenta assim um impasse, com Orcel a admitir que o cenário mais provável é o de o negócio não se concretizar.
A instituição já tinha manifestado, em abril passado, não estar satisfeita com as condições impostas pelo Governo italiano, que passam por objetivos no mercado, gestão de ativos e saída da Rússia, para obter luz verde.O banco recordou, na altura, que há outras fusões bancárias a decorrer no país que o governo italiano autorizou sem quaisquer obstáculos, como é o caso da oferta do Monte dei Paschi di Siena sobre o Mediobanca e do BPER sobre o Banca Popolare di Sondrio.
Já no início deste mês, Orcel havia referido que o negócio com o BPM estava posto em pausa e contestou as condições do governo em tribunal.
Paralelamente ao negócio com o BPM, o UniCredit prossegue outros interesses. Orcel já admitiu que o banco encontrou oportunidades de negócio em todos os 13 países em que opera, algumas das quais já públicas. Uma bem conhecida do mercado é a intenção de adquirir o alemãoCommerzbank, onde o italiano já possui uma participação de 28%, adquirida através de instrumentos financeiros, e quepode elevar até 29,9%se assim o entender.