
A BlackRock vê a economia portuguesa a crescer entre 2,5% e 2,9% este ano, com uma sólida procura doméstica, um crescimento do consumo particular e uma baixa exposição às tarifas de Donald Trump. O diagnóstico foi feita nesta quinta-feira por André Themudo, responsável da BlackRock em Portugal, durante a apresentação das perspectivas económicas para o segundo semestre de 2025.
“A visibilidade de Portugal dentro da BlackRock é muito maior neste momento. Os setores que estamos a ver com mais potencialidade é o setor financeiro, gostamos muito de bancos, da indústria e das infraestruturas”, referiu aquele responsável, acrescentando que “a BlackRock investe neste momento cinco mil milhões de euros na economia portuguesa e 80 mil milhões na economia espanhola”.
A estratégia daquela gestora de ativos para o futuro passa por apostas de curto prazo (seis a 12 meses). “Estamos com uma miopia que nos permite ver melhor ao perto do que ao longe”, afirmou André Themudo para justificar as opções de investimento: “Vamos apostar numa estratégia de investir aqui e agora numa inclinação pró-risco. Os mercados preferenciais são os Estados Unidos, o Japão e a periferia europeia, em particular Portugal e Espanha”.
“Temos que ser muito mais seletivos na escolha dos ativos face à fragmentação dos mercados a que estamos a assistir”, referiu o responsável da BlackRock.
A gestora norte-americana definiu cinco mega tendências que condicionam o evoluir da economia mundial: a revolução digital e a inteligência artificial, a transição energética, a consolidação financeira, a desglobalização e o envelhecimento demográfico. No entanto, existem duas forças estão a destacar-se das demais: a revolução digital com a inteligência artificial e a desglobalização.
Em termos de estratégia de alocação de investimentos, a BlackRock aposta em ações das empresas americanas, com lucros a crescer, em média, 15%, vê o Japão como uma economia que vai continuar a crescer, e está mais pessimista em relação à evolução da Europa face ao impacto das tarifas decididas por Donald Trump.
A exceção a este pessimismo europeu são Portugal e Espanha. Os setores identificados para investir são o setor financeiro. A BlackRock vê os juros da banca portuguesa e espanhola a crescer e considera que quer o Banco Central Europeu (BCE), quer a Reserva Federal Norte-Americana (FED) devem baixar os juros uma só vez até ao final do ano.
Em termos de obrigações, André Themudo referiu que “70% das emissões globais de dívida apresentam atualmente rendimentos acima dos 4%, e a dívida americana a prazos curtos (até dois anos) está com uma rentabilidade de 3,75%”.
Em termos de dívida europeia, a BlackRock vai investir em emissões de duração curta nos países periféricos, em particular Espanha e Itália.
Em relação aos investimentos em ETF, André Themudo não tem dúvidas: “É um investimento que não para de crescer. Existem cada vez mais pessoas a investir em ETF. Só para dar um exemplo, na Alemanha, oito milhões de pessoas poupam em ETF. A maneira de as pessoas pouparem está a mudar e Portugal está na vanguarda dessa tendência”. No entanto, a BlackRock não tem intenção de lançar nenhum ETF indexado à Euronext Lisboa.