
Na carteira de fundos próprios do Banco Central Europeu (BCE), a percentagem de obrigações verdes aumentou para 28% em 2024, face aos 20% registados no ano anterior, canalizando mais de 6,4 mil milhões de euros em financiamento direto para a transição ecológica. O BCE pretende aumentar ainda mais esta percentagem para 32% até 2025.
Paralelamente, o BCE iniciou também o investimento em fundos cotados (ETF) que seguem os índices de referência da União Europeia alinhados com o Acordo de Paris, reforçando o compromisso institucional com os objetivos climáticos internacionais, refere num comunicado divulgado nesta quinta-feira.
O BCE publicou o seu terceiro conjunto de divulgações financeiras relacionadas com o clima, que fornecem uma visão geral da pegada de carbono e da exposição aos riscos climáticos das carteiras de política monetária do Eurosistema, das reservas externas do BCE e das carteiras não relacionadas com a política monetária do BCE, que consistem no fundo de pensões do seu pessoal e na sua carteira de fundos próprios.
No fundo de pensões dos colaboradores da instituição, os investimentos em empresas registaram uma redução de 20% na sua pegada de carbono em 2024, mantendo a carteira em linha com as metas climáticas intermédias estabelecidas, explica o BCE.
Medição do impacto dos riscos naturais
As divulgações deste ano incluem um novo indicador que mede a exposição das carteiras corporativas do BCE e do Eurosistema a setores com dependências ou impactos materiais na natureza. Os resultados mostram que aproximadamente 30% das participações em obrigações corporativas da política monetária do Eurosistema estão concentradas nos três setores mais expostos, que são os serviços públicos, a alimentação e o imobiliário.
Na carteira de fundos próprios do BCE e no fundo de pensões do pessoal, a percentagem de investimentos empresariais expostos a setores que dependem da natureza ou têm impacto sobre ela varia, sendo a maior percentagem de 40% para os fundos negociados em bolsa (ETF). “Embora ainda seja apenas uma estimativa inicial, este novo indicador constitui mais um passo no sentido de melhorar a nossa compreensão dos riscos e impactos da perda de natureza e salienta a importância de avaliar as potenciais consequências económicas e financeiras”, explica o BCE.
As emissões associadas às carteiras de política monetária do Eurosistema e às reservas externas do BCE continuaram a diminuir em termos absolutos e, para a maioria das classes de ativos, em relação à dimensão das suas carteiras.
Apesar dos avanços, o BCE reconhece que a cobertura e a comparabilidade dos dados continuam a ser um desafio. A falta de consistência na divulgação das emissões ao longo da cadeia de valor das empresas, bem como a escassez de dados para algumas classes de ativos,
“A inconsistência dos relatórios relativos a determinadas emissões, tais como as relacionadas com toda a cadeia de valor de um emitente, dificulta a comparação dessas emissões entre emitentes ou ao longo do tempo. A disponibilidade de dados para algumas classes de ativos, como obrigações cobertas, também continua limitada. Estes desafios apontam para a necessidade de normas de reporte fiáveis e harmonizadas em todos os setores e jurisdições, a fim de apoiar decisões de investimento informadas e uma gestão de risco eficaz”, refere o BCE.