
Os especialistas do Banco Carregosa consideram que o Banco Central Europeu (BCE) irá reduzir as taxas de juro em 25 pontos base, mas apenas em setembro. Esta posição foi manifestada nesta sexta-feira, durante a apresentação das projeções para a economia no segundo semestre do ano.
De forma geral, os responsáveis do Banco Carregosa referem que o “processo de desinflação decorre sem sobressaltos na Europa” e que os sinais vindos da economia americana apontam para “um abrandamento controlado, em vez de uma recessão abrupta”.
No entanto, existem riscos que começam a perfilar-se no horizonte. Um excesso de dívida nos Estados Unidos, na China e em França — neste último caso, já a ultrapassar os 150% do Produto Interno Bruto — são fatores que devem ser acompanhados com atenção, assim como a eleição, em 2026, do novo presidente da Reserva Federal norte-americana (FED), que poderá alterar a política monetária naquele país.
No que respeita aos investimentos obrigacionistas, o risco político continua a ser o mais relevante. Após o chamado “Dia da Libertação” (2 de abril, data em que Donald Trump anunciou a aplicação de tarifas comerciais a vários países), as dívidas soberanas registaram reações distintas. Na Europa, por exemplo, a dívida portuguesa a 10 anos caiu 14 pontos base — o dobro da queda registada pela dívida espanhola.
Os países da periferia europeia (Portugal, Espanha, Grécia) continuam a demonstrar grande resiliência e recuperação económica. Os juros da dívida soberana europeia deverão registar um ligeiro aumento, tendo em conta a necessidade de investimentos na área da Defesa.
Na vertente acionista, os responsáveis do Banco Carregosa referem que “no segundo trimestre do ano, os lucros das empresas cotadas no índice S&P 500 subiram 4% e, apesar da aplicação de tarifas sobre o comércio, é de esperar que os resultados das empresas cotadas continuem a crescer”.
Mais uma vez, a valorização do euro face ao dólar deverá dificultar as exportações dos produtos europeus. Os dados mais recentes indicam que 21% das exportações europeias têm como destino os Estados Unidos, enquanto apenas 9% das exportações norte-americanas se destinam à Europa.