
O Conselho de Estabilidade Financeira (CEF), organismo que monitoriza o sistema financeiro mundial, lançou um alerta sobre “as fraquezas ocultas” no mercado imobiliário comercial, ao detetar um “aumento significativo” do crédito malparado naquele segmento, principalmente junto dos bancos americanos e australianos.
Só nos Estados Unidos o regulador descobriu uma exposição àqueles créditos duvidosos na ordem dos 12 biliões de dólares (10,2 mil milhões de euros), e alertou para a volatilidade daquele segmento de mercado que pode ser afetado por uma queda da procura de espaços comerciais e de escritórios.
O alerta do CEF vem no seguimento da crise imobiliária provocada pela pandemia de Covid-19, quando as grandes companhias colocaram os seus colaboradores em teletrabalho. Aquele organismo diz que o setor do imobiliário comercial resistiu às adaptações que foram necessárias, bem como ao regresso ao trabalho presencial.
Outro reparo do CEF diz respeito à alavancagem observada em vários fundos imobiliários, em especial nos Estados Unidos, Canadá, Singapura e Alemanha, com o passivo a ser três vezes superior ao património líquido.
Foram identificadas várias interligações entre bancos e investidores imobiliários não financeiros que aumentavam substancialmente a exposição das instituições ao risco sistémico em caso de crise no setor imobiliário, com o CEF a pedir aos respetivos reguladores que estivessem mais atentos a este fenómeno.
“O acompanhamento permanente do mercado imobiliário é necessário dada a volatilidade observada no imobiliário comercial em comparação com outro tipo de ativos”, refere o CEF.
O Conselho de Estabilidade Financeira não tem poderes jurídicos vinculativos, mas reúne os principais responsáveis dos bancos centrais, ministros das finanças e demais reguladores no sentido de harmonizarem a regulamentação financeira. O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, deve assumir a presidência do CEF no próximo mês, substituindo Klaas Knot, governador do banco central dos Países Baixos.