João Conceição, administrador executivo da REN - Redes Energéticas Nacionais, defendeu esta quinta-feira que em matéria de preços finais os consumidores em Portugal não estão a pagar mais pela eletricidade do que os de Espanha, apesar de os registos no mercado spot, em termos de preços grossistas, ditarem valores mais baixos do lado espanhol.

Numa conferência promovida em Lisboa pela Associação Portuguesa de Energia, pela Adene e pela Direção-Geral de Energia e Geologia, João Conceição sublinhou que o mercado ibérico de eletricidade tem evoluído e ganho um peso crescente de custos que vão para lá dos preços do mercado grossista fixados na contratação da energia para o dia seguinte na plataforma Omie.

Essa contratação diária tem registado em maio preços sistematicamente mais baixos em Espanha do que em Portugal, com os valores do lado português a apresentarem um diferencial médio de 60% face aos espanhóis. Esse diferencial é fruto, sobretudo, da limitação das interligações para a importação de eletricidade de Espanha, impedindo Portugal de tirar plenamente partido dos preços spot mais baixos do lado de lá nas horas de sol.

Mas esta quinta-feira João Conceição defendeu que “se acrescentarmos todos os outros custos”, em que se incluem serviços de ajuste e correção de desvios, os consumidores espanhóis pagam preços mais altos. “Espanha está a introduzir uma componente de custos sobre o preço normal que pode chegar aos 35 euros por megawatt hora”, disse o gestor, citando dados publicados esta semana pelo jornal “El País”.

O administrador da REN não detalhou, contudo, quais são os valores de ajustes praticados em Portugal nas últimas semanas, depois do apagão de 28 de abril.

“Se olharmos para os preços finais, a lógica de que Portugal está a pagar mais pela eletricidade do que Espanha não é verdade”, declarou João Conceição, reiterando que os serviços de sistema e restrições técnicas encarecem o custo total da eletricidade no país vizinho.