Premier League, esta é a estrelinha, estrelinha, esta é a Premier League. Aos 88 minutos do jogo com o arquirrival City, o Manchester United ia para a terceira derrota consecutiva no campeonato, com a hipótese bem real de se afundar ainda mais na segunda metade da tabela. Os golos de Bruno Fernandes e Amad Diallo, o verdadeiro herói do jogo, deram a volta a um guião trágico que se tornou, em dois minutos, glorioso.
Talvez a estrelinha fosse conceito já conhecido para os red devils, mas há muito que anda desaparecido. E conheciam-no por outro nome, o chamado Fergie time, quando, nos tempos de Sir Alex Ferguson, o United se fartava de ganhar jogos no fio da navalha. Amorim não se esqueceu dele depois da vitória especial por 2-1 em casa do City.
“Houve Fergie time, soubemos juntar as coisas e algo mágico aconteceu. Foi um bom dia para nós”, disse à BBC, oferecendo já à imprensa inglesa alguns adágios com que se entreter.
Mas, apesar da importância da vitória, que não nega, Amorim não quer embandeirar em arco. Já em português, à DAZN, abanava a cabeça - mas sempre de sorriso nos lábios - enquanto o jornalista introduzia a conversa com um dado que mais uma vez chama o mítico treinador do United à baila: foi Ferguson o último treinador do Manchester United a conseguir uma vitória em casa do City logo à primeira visita. Mas mais do que olhar para trás, o presente do United precisava de um empurrão de otimismo destes.
“Obviamente que estamos felizes, neste contexto conseguir uma vitória destas tem um significado grande e consegue-se ver pelos adeptos, a maneira como celebraram”, começou por dizer o ex-treinador do Sporting, que vinha de uma derrota inoportuna com o Nottingham Forest por 3-2 na última semana.
“São só 3 pontos, durante uma semana temos três jogos e isto muda muito rápido, mas neste momento precisávamos muito de uma vitória assim e é um sentimento muito bom”, continuou.
Já há pequenos toques de Amorim neste United e a crença parece ser um deles. À DAZN Portugal, Amorim referiu “os jogadores” como os responsáveis pela vitória, apontando uma mudança de atitude face a outros jogos difíceis: “Acho que mudaram um bocadinho a mentalidade, acreditaram mais do que contra o Arsenal, em que também fizemos uma boa 1.ª parte. Hoje, além da qualidade, nós acreditámos, mesmo com todos os defeitos (e são muitos) que ainda temos, nós acreditámos que podíamos ganhar o jogo”.
Sobre as ausências de Marcus Rashford e Alejandro Garnacho, que ditam a linha do que Ruben Amorim está disposto a aceitar ou não no comportamento de um jogador, o treinador português garante que “nova semana, nova vida”. Ninguém está de fora, só tem de se portar um bocadinho melhor. De resto, Amorim viu este domingo uma equipa com “mais agressividade”, com “mais entendimento” de quando podia “ferir o adversário”, com maior “velocidade na pressão” e mais noção dos momentos dessa pressão. Além de “mais estabilidade defensiva”. A equipa melhorou “em todos os aspectos”, mas ainda falta muito caminho, não se cansa de dizer a cada oportunidade.
Na quinta-feira, Ruben Amorim terá já o seu primeiro jogo a eliminar, nos quartos de final da Taça da Liga inglesa, frente ao Tottenham. Na tabela da Premier League, apesar do frouxo 13.º lugar, o United está apenas a 3 pontos do 6.º lugar do Aston Villa.