
Ricardo Araújo Pereira foi uma das caras mais conhecidas presentes na apresentação da candidatura de João Noronha Lopes à presidência do Benfica. Apesar de ser uma das principais vozes de apoio, o humorista rejeita a hipótese de integrar uma eventual direção encabeçada pelo gestor: «O meu lugar no Benfica é no piso 0. Comprei em 2004 e mantenho até hoje. O João Noronha Lopes sabe, eu apoio, mas já lhe disse 'conte comigo, mas a partir do dia em que ganhar as eleições... eu não sei fazer mais nada, vou-me sentar ali'. Há muitos benfiquistas notáveis, que não é o meu caso, que integraram direções que salvaram o clube, como o Manuel Vilarinho. O meu interesse é puramente egoísta.»
Ricardo Araújo Pereira não poupou críticas à direção encarnada, denunciando medo cénico de apoiar a oposição instalado no seio das águias: «Toda a gente tolera que eu diga o que apetece sobre o Primeiro-ministro ou o Presidente da República, parece que dizer qualquer coisa sobre o Rui Costa é criminoso. A direção parece menos interessada em defender o Benfica do que em defender-se dos benfiquistas.»
O humorista criticou uma «navegação à vista» por parte da direção encarnada, utilizando como exemplo Roger Schmidt. «Nos últimos 6 anos, o Sporting pós-Alcochete ganha 3 campeonatos. O FC Porto, intervencionado pela UEFA, impedido de inscrever jogadores, ganhou dois. O Benfica, com grande saúde financeira, segundo nos dizem, ganhou um. No final da época passada, o presidente Rui Costa disse a todos que Schmidt era o plano, depois ao fim de 4 jogos acabou.»
«As pessoas começam a ficar saturadas de períodos como os últimos 6 anos, de promessas não cumpridas, de expectativas goradas. Ainda por cima contra adversários enfraquecidos, sem desprimor para Sporting e FC Porto» analisou, alinhado com o discurso de Noronha Lopes. Defensor de eleições antecipadas, Ricardo Araújo Pereira é perentório da data preferencial para que o sufrágio se realize: «Amanhã. Em outubro, qualquer direção que seja eleita vai ter que lidar com escolhas que não são suas.»
Apesar de questionar a competência de Rui Costa, Ricardo Araújo Pereira rejeita a ideia de que não pode ser candidato: «Ele faz o que entender, foi um grande jogador, isso nunca esteve em causa. Há um perceber de futebol para ser jogador, outro para ser treinador e outro para ser presidente. O Maradona era um grande jogador e não foi um grande treinador. »
«Mas compreendo Rui Costa. Em casa faço o papel que fez no Benfica de Vieira. Eu assino os papéis que me põem à frente, nunca sei onde está nada, não tenho responsabilidade. Não tenho capacidade para ser presidente do Benfica e acho que ele também não», finalizou Ricardo Araújo Pereira, visivelmente agastado.