"Eu tenho dito, muitas vezes, a brincar, que o próximo presidente da FPF tem um grande desafio, mas apenas um, que é não estragar o que Fernando Gomes fez", afirmou Nuno Lobo, em entrevista à agência Lusa, elogiando o legado "desportivo, organizacional, funcional e infraestrutural" do cessante presidente federativo.
Apesar disso, o advogado, de 47 anos, considera "possível fazer ainda mais".
"E é por isso que eu aqui estou, para me propor, e, sendo um continuador da obra dele, somos pessoas diferentes, com lideranças diferentes, e queria fazer uma coisa que não foi tão bem feita, que é humanizar mais o futebol, trazer o coração para o futebol. Percorrer o país desportivo, do tecido base até ao topo e agradecer, diariamente, a estes 34.500 dirigentes do futebol português. Eu quero estar em Bragança, no Algarve, no Faial, na Madeira... acho que é isso que ainda falta, que cada um dos agentes desportivos sinta a FPF como a sua casa", apontou.
Por ser um candidato das "bases", Nuno Lobo assume-se confiante de que vai ter mais votos do que Proença "nos delegados e nos presidentes das associações", apesar de muitos dos seus homólogos das outras 21 estruturas regionais e distritais terem subscrito a candidatura rival.
"Eu acredito muito que, no silêncio da urna, naquilo que é o voto secreto, cada um dos meus colegas, dos 21 além de mim, farão a avaliação de quem esteve com eles nos últimos 13 anos e de quem não se aproximou deles por interesse, de quem esteve com eles nos bons e nos maus momentos e, naquela última ponderação, tão propícia no futebol português, terei uma grande maioria do movimento associativo comigo", rematou.
Votam 22 presidentes das associações distritais e regionais e ainda 20 delegados eleitos nestas estruturas, oito dos clubes das provas não profissionais, sete das distritais e cinco dos jogadores amadores, ou seja 50% dos votantes.
"O movimento associativo tem metade do colégio eleitoral da FPF e esta é uma candidatura que nasce aí, das bases, e eu acho que é uma candidatura das bases contra o sistema, o poder instalado no futebol, há tantos e tantos anos. É contra isso que eu luto", sublinhou.
O Vitória de Guimarães foi o único clube das competições profissionais a manifestar o apoio ao ainda presidente da AFL, mas o candidato acredita que não vai ser o único a votar em si.
"Recebi apenas o apoio público do Vitória Sport Clube, mas, pelo que tenho constatado, vou ter o apoio privado, no voto, que é aquilo que interessa, de muitos e muitos clubes, porque os clubes, muitas vezes, sentem-se coagidos a serem politicamente corretos, naquilo que é o apoio público", referiu o candidato, confiando em ter "muitos e muitos mais" votos entre os 20 delegados dos clubes profissionais.
Mesmo assim, Lobo recusou aproveitar qualquer antipatia que a atual estrutura federativa tenha relativamente a Proença, compreendendo a equidistância de Fernando Gomes deste ato eleitoral.
"Não temos de capitalizar por gostar ou não, por simpatia ou antipatia, mas por projetos e por equipas (...), agora, há uma coisa que é certa, eu não tenho vergonha de dizer que quero ser a continuidade do Fernando Gomes", concluiu.
O 32.º presidente da FPF e sucessor de Fernando Gomes, que lidera o organismo desde 17 de dezembro de 2011, vai ser eleito na sexta-feira, entre as 13:00 e as 19:00, na Cidade do Futebol, em Oeiras, num sufrágio ao qual concorrem o antigo árbitro e presidente da LPFP, Pedro Proença, e Nuno Lobo, ainda presidente da AFL.
*** Por João Pedro Simões (texto), Pedro Lapinha (vídeo) e António Pedro Santos (foto) ***
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