A Seleção Nacional já estava em Racice nos Europeus de pista quando saiu a confirmação da suspensão de quatro anos devido a doping de Francisca Laia.

Segundo o advogado da canoísta, Laia desistiu da defesa por que a mesma custaria muito dinheiro. «A única forma de tentar demonstrar a origem da substância em causa passaria por um processo de análise científico-forense, cujo custo ultrapassa os 20 mil euros» explicou Pedro Nascimento à agência Lusa.

A atleta acusou DHCMT, um esteróide anabólico androgénico que melhora o desempenho físico, em 2024, nos Mundiais de distâncias não olímpicas.

«Esse valor financeiro é absolutamente irrealista para uma canoísta portuguesa. Sabemos que é uma modalidade sem estruturas de apoio financeiro mínimas para lidar com situações deste grau de complexidade. Além da própria pena, o facto de não ter condições para combater esta situação até à última consequência, claro, deixa a Francisca numa situação devastadora», acrescentou.

O caso remonta a 25 de agosto de 2024, quando Francisca Laia foi submetida a um controlo nos Mundiais de distâncias não olímpicas realizados em Samarcanda, Uzbequistão, no qual foi detetado o metabólico de DHCMT.«Há circunstâncias que são atenuantes, há circunstâncias que são agravantes e, numa situação destas, a Francisca teria toda a possibilidade de ter uma pena completamente diferente, mas a verdade é que não teve por falta de meios financeiros», reforçou.

O advogado disse que a situação é devastadora pela pena e pela falta de oportunidade de defesa, não poupando a Federação de Canoagem.«Não houve apoio, nem direto nem indireto, no momento mais crítico da sua carreira. A Francisca Laia tem uma carreira limpa, construída com esforço, talento e entrega. Seria ilógico e contra os seus princípios recorrer a substâncias proibidas, numa competição sem relevância internacional», argumentou. Francisca Laia, 31 anos, competiu no Rio2016.

A Agência Internacional de Testes (ITA) confirmou que, em nome da Federação Internacional de Canoagem, ao não contestar, a atleta aceitou as consequências impostas pela sua violação aos regulamentos antidoping, numa suspensão que se iniciou em 30 de maio de 2025 e decorre até 29 de maio de 2029.

«Conhecemos a atleta muito melhor do que o advogado!»

O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), Ricardo Machado rejeita a acusação do advogado de Francisca Laia.

«Não vou tecer grandes comentários relativamente a alguém que não conheço, nunca falei. A atleta sabe que logo que fomos notificados pela ITA, eu próprio falei com ela telefonicamente e mostrei a nossa disponibilidade para ajudar no que fosse necessário», revelou em declarações à agência Lusa.

«Conhecemos muito bem a atleta, muito melhor do que o advogado. Durante a sua carreira desportiva, tal como grande parte dos seus colegas de equipa, a Laia fez dezenas e dezenas de controlos antidoping, sempre com o registo imaculado. E é por a conhecermos bem e sabermos bem os seus valores, os valores da sua família, também da canoagem, que continuamos a acreditar na sua inocência, sabendo que tudo o muito que conquistou ao longo da carreira foi fruto do seu trabalho e do seu talento», elogiou o antigo diretor técnico.