Dentro de cinco semanas, o FC Porto já estará em competição em 2025/26, a segunda temporada completa da presidência André Villas-Boas. No entanto, muito do que será a versão dos dragões para a próxima campanha pertence ao indefinido, ao incerto.

Martín Anselmi saiu dos Estados Unidos com o tempo esgotado. Pior equipa europeia do Mundial de Clubes, a má imagem dada retirou o escasso crédito que o argentino tinha. A caótica igualdade diante do Al Ahly foi, quase certamente, o capítulo final de uma relação efémera.

Se a sensação à saída do torneio já era de fim de (curto) ciclo, as notícias dos últimos dias vão nesse sentido. Houve uma reunião entre a direção e Anselmi ao regressar do lado de lá do Altântico, sendo a saída "inevitável", informa o "Record", em linha com o que a restante imprensa desportiva escreve.

O argentino dura, assim, meia época. Com mais partidas sem ganhar (seis empates e cinco derrotas) do que com triunfos (10 vitórias), a era do ex-Cruz Azul fica marcada pela sucessão de objetivos que foram caindo, culminando com a precoce saída do Mundial de Clubes.

Diogo Cardoso

De acordo com o "Record", a má relação de Anselmi com Andoni Zubizarreta, diretor desportivo do FC Porto, terá sido um dos factores de instabilidade nos últimos meses. "A Bola" vai pela mesma linha, indicando a insatisfação do técnico com a falta de reforço do elenco após as saídas, em janeiro, de Nico González e Galeno.

Ainda assim, a crise dos azuis e brancos vive-se em impasse. Sem grandes acelerações, apesar do relógio que vai avançando rumo a uma temporada em que AVB terá menor margem de erro.

Noticia "OJogo" que só em julho, quando arrancar novo exercício contabilístico, haverá uma resolução para o tema Anselmi. O técnico não abdicará de receber o que lhe é devido, já que o acordo, firmado em janeiro, vai até junho de 2027. Lembre-se que só em maio é que dragões e Cruz Azul fecharam o negócio da transferência do argentino, que obrigou a equipa portuguesa a pagar €3,1 milhões à mexicana.

As areias da ampulheta a esgotarem-se até poderiam ser mais urgentes, não fosse o colapsar final do SC Braga na passada liga. Os minhotos, que foram para as três últimas rondas em terceiro, só somaram dois pontos nos derradeiros nove possíveis, abrindo caminho para que o FC Porto terminasse no pódio. Se os azuis e brancos tivessem sido quartos, arrancariam a estação logo a 24 de julho, na segunda pré-eliminatória da Liga Europa. Deste modo, já asseguram presença na fase de liga do segundo torneio continental, debutando em 2025/26 via I Liga.

A espera do novo ciclo

Aguardar. É esse o verbo da moda na crise portista.

Aguardar e reformular. Escreve "A Bola" que o plano de Villas-Boas é realizar "uma remodelação profunda" do plantel e "baixar as expetativas" do plantel. Lembre-se que, apesar de todas as mudanças no clube, o presidente nunca baixou a fasquia, apontando mesmo à vitória na Liga Europa.

Francesco Farioli é apontado como favorito à sucessão de Anselmi
Francesco Farioli é apontado como favorito à sucessão de Anselmi Soccrates Images

Segundo toda a imprensa desportiva nacional, o preferido de Villas-Boas para o novo ciclo é Francesco Farioli, italiano de 36 anos.

O transalpino já fora equacionado aquando da saída de Vítor Bruno, mas na altura tinha contrato com o Ajax. Agora, AVB voltará a querer um dos treinadores da moda da Europa.

Farioli deu nas vistas com o seu jogo de valorização da bola e de qualidade de circulação em ataque posicional. Formado em Filosofia, com uma tese sobre estética do futebol, o italiano chegou a fazer parte das equipas de trabalho de Roberto De Zerbi, outro treinador de culto, exercendo como treinador de guarda-redes.

A estreia a solo deu-se na Turquia, onde comandou o Karagumruk e o Alanyaspor. Em 2023/24, Farioli levou o Nice ao quinto lugar da Ligue 1, rumando, de seguida, para o Ajax.

No gigante de Amsterdão, o italiano chegou a apresentar momentos de grande qualidade, o que lhe valeu uma boa vantagem na Eredivisie. Não obstante, o Ajax fraquejou na ponta final do campeonato, somando meros dois pontos entre as rondas 30 e 33. A cinco rondas do fim, a equipa de Farioli tinha sete pontos de avanço para o PSV, mas acabaria um ponto atrás do rival de Eindhoven.

Na sequência desta enorme desilusão, Farioli demitiu-se. E é aqui que, desta feita, a disponibilidade do italiano e a vontade de Villas-Boas se parecem unir. Só falta resolver o dossiê Anselmi nesta crise que se vive em espera.