
Outra vez do lado triste da decisão. Como nas duas finais de Europeu sub-20 perdidas para Espanha, em 2022 e 2024, como na discussão da medalha de bronze do Mundial sénior, diante de França, há poucos meses. Uma vez mais, o andebol nacional pulou, superou-se, mas faltou aquele bocadinho, aquele pedaço que, quando se luta com gigantes, parece tão grande como a dimensão colossal dos opositores.
Jamais Portugal estivera numa final de Mundial de andebol. Era sub-21, mas a importância não era menor. Não se tratava só de vencer um torneio jovem, era consolidar o momento dourado da modalidade em Portugal.
Em Katowice, na Polónia, a equipa de Carlos Martingo manteve a incerteza no resultado quase até ao final. Quando os 60 minutos se esgotaram, os 29-26 a favor da gigante Dinamarca redigem uma espécie de lei do mais forte, de colosso para quem tudo sai certo quando para Portugal não saiu tão bem.
Contra uma tricampeã deste torneio e vencedora dos últimos quatro Mundiais sénior, Portugal chegava com o humilde registo de, pela primeira vez, superar um terceiro lugar, prestação obtida em 1995.
Os escandinavos conseguiram, desde cedo, alguma margem. Aproveitando erros dos ibéricos, atingiram uma margem de três golos, diferença que se manteve durante a maior parte da final, por vezes um pouco maior, em ocasiões ligeiramente menor. Ao intervalo, o 14-10 premiava a brutal precisão da Dinamarca, castigando alguns erros portugueses.
No arranque do segundo tempo, Diogo Rêma quis voltar a vestir a capa de herói. Depressa superou a dezena de defesas, mas Frederik Moller, o guarda-redes do outro lado, estava apostado em ser ainda melhor. Lá está: eleva-se ao nível dos melhores, mas eles, por natureza ou genialidade, parecem ter sempre mais uns centímetros para se elevarem.
À entrada para a parte final da contenda, Portugal conseguiu a mais magra diferença em muitos minutos. Rêma ia segurando a baliza, Ricardo Brandão destacava-se nos metros decisivos. Nem uma exclusão atrapalhou a equipa nacional, que chegou a estar a perder apenas por 26-25.
A final estava no fio da navalha, caminhando sobre gelo fino. E, nesse contexto, os gélidos escandinavos impuseram-se. Monteiro e Afonso Mendes falharam na cara do gigante Frederik Moller, que naqueles mano a mano terá sido a personificação do desafio dinamarquês: estava ali, pronto para ser batido, mas sacou de recursos inimagináveis para permanecer à tona de água.
Portugal perdeu por 29-26, tal como perdeu as duas finais dos Europeus sub-20, tal como perdeu o duelo da medalha de bronze do Mundial sénior. Mas, na verdade, nada disto foi perder: foi a certeza de que o andebol português está melhor que nunca, ombreando com os melhores, tendo o direito de ficar triste por não os derrotar.