
MUNIQUE — A França volta a ter um campeão europeu de clubes 22 anos depois do Marselha, que até esta final era a única equipa gaulesa a poder gabar-se de tal feito — e foi numa final com italianos, no caso o Milan de Fabio Capello, que perdeu por 0-1, com golo do central Basile Boli, precisamente no primeiro ano em que a prova máxima de clubes da UEFA assumiu a designação de Liga dos Campeões.
Numa final muito portuguesa, com Nuno Mendes, Vitinha e João Neves no onze de Luis Enrique — Gonçalo Ramos foi a jogo aos 84' para se juntar à festa no relvado —, assistiu-se ao resultado mais desnivelado numa final da Champions desde que esta assumiu a designação de Liga dos Campeões a partir de 1993: 5-0! E que traduziu um jogo também ele totalmente desequilibrado, por mérito do PSG, mas também por demérito do Inter, que foi sombra do que poderia ter sido e deixou-se reduzir a cinzas com o passar dos minutos, tornando-se num saco de pancada para a equipa de Luis Enrique, que confirmou o favoritismo com que chegara a esta decisão e destruiu o sonho italiano nos primeiros 20', construindo vantagem de 2-0.
O Inter quis começar num 3x5x2, mas logo após o apito inicial foi enfiado no 5x3x2 pelo PSG, que queria a bola só para si, e logo aí percebeu-se qual seria a toada da final. O PSG entrou pressionante, a querer ser protagonista com bola, o Inter entrou mais contido.
A manita começou a ganhar forma aos 12': passe magistral vertical de Vitinha a rasgar a defesa do Inter e a encontrar Doué, que serviu de imediato Hakimi, que sozinho e com todo o à-vontade fez o 1-0. O PSG não perdoava na primeira grande ocasião, com um passe mágico de Vitinha a desbloquear a vantagem. E a obrigar o Inter a sair da toca, o que poderia ser ratoeira para os italianos. E foi mesmo...
Oito minutos depois do 1-0, numa transição rápida com o Inter instalado no meio campo francês, o PSG galgou metros muito rapidamente pela esquerda com a bola nos pés de Dembelé, este aproximou-se da área e virou para o lado oposto, para Doué, que entrou na área e, com Dimarco pela frente, rematou forte e viu a bola desviar no adversário, traindo Sommer. O Inter tentou reagir, o PSG não deixou. O melhor que conseguiu até ao descanso foi cabeceamento de Thuram num canto aos 37'.
O Inter tentou voltar do intervalo com a corda toda, teve uns minutos de pressão, mas acabou sufocado na inteligência do PSG. Inzaghi começou a mexer na equipa, mas nem isso correu bem: Bisseck entrou aos 52', sofreu lesão que pareceu grave aos 63' e teve de sair. Nada corria bem ao Inter. E tudo corria pelo melhor ao PSG, que viu o maestro Vitinha a ajudar ao golpe fatal quando assistiu o 3-0, no bis de Doué, aos 63'. A festa começava aí, a orelhuda não fugiria, era impossível... E os golos de Kvaratskhelia e Mayulu já só serviram para olés dos adeptos nas bancadas, para humilhar um Inter que só continua a ter um speziale: José Mourinho.