
Durante o Mundial de Clubes o jornal A BOLA conta-lhe, diariamente, uma curiosidade relacionada com um dos clubes participantes na primeira edição desta nova versão da prova.
Com a chegada de Adolf Hitler ao poder, em 1993, a Alemanha mergulhou num dos períodos mais sombrios da sua história e os judeus foram perseguidos em todos os setores, incluindo no desporto. Desde a sua fundação, o Bayern de Munique tinha uma ligação forte com a comunidade judaica e até o seu presidente, Kurt Landauer, antigo jogador e treinador, era judeu. Começou a jogar no clube em 1901, mas foi depois estudar para Lausanne, na Suíça. Foi eleito presidente pela primeira vez em 1913 (até 1918), tendo exercido um total de 4 mandatos em 18 anos. Foi com Landauer, e o treinador judeu Richardo Dombi, que o Bayern viria a conquistar o primeiro título alemão, em 1932.
Perante o ambiente de repressão, Landauer foi forçado a demitir-se em março de 1933 e em novembro de 1938 acabou mesmo por ser detido e enviado para o campo de concentração de Dachau, a poucos quilómetros de Munique, onde lhe foi atribuído o número de prisioneiro 20009.
Foi libertado 33 dias depois, por ter servido no exército na I Guerra (altura em que teve de interromper o segundo mandato) e fugiu então para a Suíça. A família tão teve tanta sorte. Os irmãos Paul, Franz e Leo foram assassinados pelos nazis. Uma irmã, Gabriele, foi deportada e continua oficialmente dada como desaparecida.
Mesmo assim, o Bayern era apelidado de clube judeu, e por isso acabou por cair para a segunda divisão da baviera. Um dos maiores gestos de desafio dos jogadores aconteceu quando a equipa foi jogar a Zurique, em 1940, e acenaram a Landauer nas bancadas...
Depois da Guerra, Kurt Landauer voltou à Alemanha e reassumiu a presidência do Bayern em 1947, na tentativa de construir um clube profissional, o que os nazis recusavam -, apontando a medida como iniciativa judaica. Foi presidente até 1951, morreu em 1961, com 77 anos.
Hoje, o seu nome é lembrado na praça em frente ao estádio Allianz Arena e o museu do clube mantém viva a sua história, tendo na coleção a máquina de escrever em que, em 1955, já fora da presidência, mas sempre pronto a ajudar, anotou os nomes dos beneméritos que ajudaram com donativos o clube, que lutava financeira e desportivamente, a reerguer-se. É um dos presidentes honorários do Bayern.
Parceria: todos os jogos em direto do FIFA Mundial de Clubes são na app DAZN. Regista-te Grátis em dazn.com/fifa