Com (quase) tudo para garantir os serviços mínimos, Portugal... falhou. Redondamente. Se muito já se elogiou (de forma totalmente justa, diga-se) o crescimento do futebol feminino português e o trajeto brilhante que a Seleção Nacional tem feito nos últimos anos, também é necessário ter a frieza para, num momento negativo, deixar uma crítica (que se pretende construtiva) à equipa das Quinas. Porque olhando, precisamente, ao que vem de trás, esperava-se uma participação mais positiva nesta Liga das Nações.

A realidade é nua e crua e o facto é este: Portugal desceu à Liga das Nações B. Mas tal como desceu, acreditamos, também terá todas as condições para, num futuro próximo, voltar à elite europeia. Porque, lá está, qualidade não falta a este leque de jogadoras que tem feito ecoar bem alto A Portuguesa por esse mundo fora.

Esta terça-feira, porém, não foi o dia das (nossas) meninas. Que tentaram, é certo, mas não conseguiram. Mesmo que o empate servisse as ambições lusas. A hipótese dupla não pareceu ser encarada como sendo de maior conforto para Portugal, que entrou bem no jogo e tentou, desde muito cedo, acercar-se da baliza belga para chegar ao golo que lhe desse (ainda) maior vantagem e deixasse (porventura) a formação belga (ainda) mais desconfortável.

Jéssica Silva, logo aos 4 minutos, deu o primeiro sinal de perigo, mas o desvio da avançada saiu ao lado do poste. Andreia Norton foi a senhora que se seguiu na tentativa de abrir o ativo no Estádio dos Barreiros, mas, neste caso, foi o poste a travar os intentos da média. Andreia Jacinto, bem lançada por Ana Borges, também teve a felicidade no pé direito, mas o remate saiu à malha lateral (31').

Sentia-se que o golo iria chegar e... chegou mesmo. Mas para o lado errado: no único ataque digno desse nome que as belgas conseguiram em toda a primeira parte, Vanhaevermaet faturou. Gelo na Madeira!

Com um golo a bastar para empatar o jogo e garantir uma vaga de acesso ao play-off de permanência, Portugal tinha ainda mais 45 minutos para ser feliz. Mas não conseguiu. Houve domínio, sim, atitude não faltou, é um facto, mas a qualidade foi uma raridade. O castigo foi ainda maior e... a dobrar: em cinco minutos as belgas marcaram mais dois golos — ambos da autoria de Wullaert (o primeiro de penálti, a castigar falta de Carolina Correia sobre Teulings, o segundo num remate do meio da rua) — e sentenciaram o destino nacional.

O Atlântico sem Pérola deixou as Navegadoras bem à deriva. Mas é preciso recuperar rapidamente porque vem aí o Europeu. E Portugal quer voltar a ser... Portugal!